[Com Pipoca] 2001: uma odisseia no espaço

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Sinopse:

No alvorecer da humanidade, a fome e os predadores já ameaçavam de extinção a incipiente espécie humana. Até que a chegada de um objeto impossível, além da compreensão das mentes limitadas do homem pré-histórico, prenunciasse o caminho da evolução. Milhões de anos depois, a descoberta de um enigmático monolito soterrado na Lua deixa os cientistas perplexos. Para investigar esse mistério, a Terra envia para o espaço uma nave tripulada por uma equipe altamente treinada, assistida por um computador autoconsciente. Do passado distante ao ano de 2001, da África a Júpiter, dos homens-macacos à inteligência artificial HAL 9000, penetre a visão de um futuro que poderia ter sido, uma sofisticada alegoria sobre a história do mundo idealizada pela mente brilhante de Arthur C. Clarke e imortalizada nas telas do cinema por Stanley Kubrick.

Fonte: Aleph.

Minha paixão por ficção científica e meu costume de procurar ler o livro antes de assistir ao filme me trouxeram a este clássico, que instantaneamente entrou para a minha lista de FCs favoritas.

Sempre ouvi falar do filme de Kubrick 2001: uma odisseia no espaço como uma obra cansativa e difícil de entender, e era isso que eu esperava do livro de Clarke. Mas fiquei surpresa ao descobrir que este romance é fácil e gostoso de ler, mesmo com todas as densas explicações técnicas (que só tornam a leitura ainda mais cativante para os amantes de astronomia e de ficção científica).

A narrativa tem início 4 milhões de anos atrás, e mostra uma intervenção alienígena como causa da evolução da espécie humana. Nessa primeira parte do livro, chamada “Noite primitiva”, não há nenhum diálogo, e acompanhamos o dia a dia do líder de um grupo primata à beira da extinção.

Depois disso, um salto leva o leitor ao ano de 2001 e às bases espaciais, deixando a impressão de que tudo o que aconteceu entre as duas épocas não passou de um caminho obrigatório para o destino final do homem: o espaço. A partir daí, Clarke desperta no leitor aquele fascínio que as viagens espaciais e os mistérios do universo sempre inspiraram no ser humano. Na parte 2, chamada “A.M.T.-1”, apresenta um panorama do desenvolvimento da pesquisa espacial no século XXI, e introduz um mistério que envolve toda a história: a descoberta de um monolito alienígena enterrado no lado escuro da Lua.

O resto do livro é dedicado à parte mais famosa da trama, a viagem do astronauta David Bowman na nave Discovery a Saturno, para uma missão cujos propósitos só seriam revelados aos tripulantes quando o destino se aproximasse.

Não quero estragar a surpresa de quem, como eu, não sabia nada sobre essa famosa história. Digo apenas que devem esperar momentos de tensão (graças ao personagem interessantíssimo que é HAL 9000, um computador com inteligência artificial) e uma precisão científica de tirar o chapéu. A obra foi escrita na década de 1960 e é impressionante como não se tornou datada – sou leiga em física, mas, pelo pouco que sei, muitos dos aparelhos e situações descritos no livro estão corretos e são plausíveis, à exceção talvez de um mecanismo de “carrossel” que geraria gravidade artificial dentro da nave.

Livro x Filme

2001-uma-odisseia-no-espacoAcho que, se eu não tivesse lido o livro, a produção de Kubrick teria me deixado quase tão chocada quanto as adaptações cinematográficas de O Hobbit (com a diferença de que estas impressionam quem leu de uma forma negativa).

Trata-se de uma adaptação fiel, justamente porque Clarke escreveu o romance ao mesmo tempo que elaborava o roteiro ao lado de Stanley Kubrick. Porém, é claro que o livro traz muito mais explicações, e foram justamente essas explicações, não apenas científicas mas também sobre o desenvolvimento e o final da trama, que me cativaram. Senti falta desses aspectos no filme, que, no entanto, não deixa de ser excelente. A trilha sonora, composta de música erudita, é perfeita para a proposta do autor e do diretor, que queriam (e conseguiram) trabalhar um “tema de grandeza mítica”. Ao mesmo tempo, é um filme lento e bastante silencioso, passando uma sensação fiel do que é estar no espaço. Não que eu tenha conhecimento prático no assunto, mas comparando com os exageros de outras FCs, o filme se destaca nesse aspecto.

Mesmo se tratando de uma das produções cinematográficas mais importantes da história, 2001 me encantou muito mais como livro.

A edição da Aleph é linda (toda em preto, ela imita o monolito encontrado na Lua) e traz um prefácio recheado de curiosidades e explicações extras, além de dois contos de Clarke que seguiram de ponto de partida para o desenvolvimento da história, e que são também muito bem escritos e impactantes.

A incrível jornada de David Bowman, deliciosa e fundamental para os amantes de ficção científica, tem um final surpreendente e pode ser resumida como o oposto da famosa frase de Neil Armstrong: um pequeno passo para a humanidade, mas um passo gigantesco para aquele homem.

*

2001: uma odisseia no espaço
Autor: Arthur C. Clarke
Tradutor: Fábio Fernandes
Editora: Aleph
Ano de publicação: 1968
Ano desta edição: 2013
336 páginas
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5 respostas em “[Com Pipoca] 2001: uma odisseia no espaço

  1. Admito que evito edições em português, mas a capa da Aleph é realmente muito bonita. Fiquei pensando no que você falou sobre a “precisão científica” do livro. Você considera que isso é mesmo importante para as obras de scifi?

    • Oi, Willian! Obrigada pelo comentário!
      Não só a capa da Aleph é linda, mas a edição toda está no capricho.
      Acho a precisão científica importante, mas não no sentido de que as coisas deveriam ser reais (se fosse assim, não seria sci fi), mas no sentido de que precisam ser convincentes – se o autor viaja muito na maionese, é mais difícil a história prender o leitor. Mas é claro que essa é minha opinião, e que até pra mim pode haver exceções. 🙂

  2. Aaah, adorei sua resenha e seu blog ❤
    Muito boa a comparação entre livro e filme, é bem isso mesmo, depois de ler o livro, tudo no filme se esclarece!
    Você é uma fofa e adorei seu estilo literário, vou virar leitora daqui ahahahaha

    Jéssica – Blog Pássaro Azul

  3. Pingback: [Tag] 26 books | Sem Serifa

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