[Com Pipoca] Mary Poppins

op2marypoppinSinopse:

Uma das histórias mais amadas por crianças e adultos do mundo todo, Mary Poppins ganha uma nova edição, com ilustrações do estilista Ronaldo Fraga, tradução do escritor Joca Reiners Terron e posfácio da professora de literatura inglesa da USP Sandra Vasconcellos. O leitor vai, finalmente, descobrir a história de Mary Poppins, a babá mágica que chega inesperadamente para cuidar das crianças Banks e lhes abre os olhos para os mistérios e as maravilhas que nos cercam, todos os dias.

Fonte: Livraria Cultura

Desde que aprendi a ler, não consigo me lembrar de alguma época da minha vida em que eu não adorasse folhear livros infantis. Era uma criança que gostava muito de ler, e embora seja uma adulta que goste dos clássicos adultos (Homero, Dostoiévski, Machado), também gosto dos clássicos infantis, que sempre me proporcionam tempo para diversão e reflexão. Quem disse que por ser infantil um livro é bobo? Os infantis são os livros que nos ajudaram a tomar gosto pela leitura, então devemos tratá-los com muito carinho!

Quando comprei a linda edição de Mary Poppins, o clássico de 1934, feita pela Cosac Naify conversei com a Babi e com a Isa sobre escrever uma resenha sobre o livro que me parecia tão promissor. Elas de pronto aceitaram e sugeriram mais: que eu fizesse a resenha para a sessão Com Pipoca. Achei muito legal, afinal ainda não tinha lido o livro nem assistido ao filme. Topei logo de cara.

Mary é uma das personagens que mais me surpreendeu quanto a sua construção nesta obra, o que por si só já vale a leitura. A babá mais divertida da literatura é uma mulher de pulso firme e que faz as coisas somente se acha que deve, de modo que não aceita ordens dos patrões e “os coloca em seu lugar” quando necessário. Cuida também da disciplina de Jane e Michael, crianças curiosas, às vezes em excesso, na opinião da babá, que sempre lhes chama atenção quando fazem muitas perguntas ou tentam contrariá-la. Com os gêmeos, que são bebês, Mary é atenciosa e generosa, demonstrando que se entende muito bem com eles.

Absolutamente todas as situações retratadas no livro prendem a atenção do leitor e o envolvem da mesma forma como a Jane e Michael, filhos mais velhos do casal Banks, e Barbara e John, os gêmeos. Ao longo da narrativa são apresentadas diversas situações inusitadas, protagonizadas por personagens peculiares.

Na obra é interessante observar a movimentação dos fatos, sempre em frente, sempre seguindo os ventos que levaram a babá atá a Rua Cherry Tree Lane, nº 17, os mesmos que no fim do livro dão sequência ao caminho percorrido por Mary, que por onde passa faz amigos e deixa saudades. Pode-se dizer que ela é bem popular, já que é amiga de diversas pessoas, animais e seres que não se pode definir ao certo, mas que sempre levam consigo uma atmosfera de magia.

Estive pensando sobre qual seria minha passagem preferida do livro e não consegui definir. Acontece tanta coisa, são tantas as situações e tão diversas entre si, que seria covardia escolher um fato isolado e favoritá-lo, de modo que o livro inteiro foi uma passagem preferida.

Livro x Filme

O livro é melhor, né?! O filme, apesar de muito bem adaptado, deixa alguns detalhes importantes escapar, por exemplo deixando de fora os gêmeos, que certamente renderiam ao filme cenas muito interessantes e engraçadas. Também não entendi muito bem a aparição excessiva de Bert (amigo de Mary) e dos pais das crianças, figuras praticamente ausentes no livro.

A adaptação do cinema perde um pouco da ludicidade, mas há que se considerar as limitações cinematográficas da época, o que me faz concluir que o trabalho feito no filme é muito bom, principalmente na cena em que Mary Poppins se instala na casa dos Banks e também quando vai ajudar Michael e Jane a arrumar o quarto para que pudessem passear depois. Pra mim, essa foi uma das cenas mais divertidas e fofas do filme.

O filme aborda muitas questões que não faziam parte do livro, entretanto sempre assuntos interessantes e sérios, como o sufrágio feminista, do qual a sra. Banks participa ativamente, motivo que aparentemente explicaria sua ausência. Ela ama os filhos e sempre que pode ficar com eles é uma ótima mãe, mas é também uma militante incansável.

Achei o filme um pouco maçante, com alguns elementos que não existiam no livro, como a cena dos limpadores de chaminés, que não tinha nenhum significado e foi feita apenas para inserir uma canção deliciosa e descontraída. No livro essa sensação de cansaço não existiu, diferente do filme que tem coisas feitas apenas para ele, como a cena dos limpadores de chaminés, que não tinha nenhum significado especial a não ser a canção deliciosa que foi adicionada no filme.

Em alguns momentos do filme eu fiquei confusa com a recorrente mistura de personagens e cenas. Em dado momento, Mary deveria entrar em uma pintura com Bert e passear com ele por um lindo bosque, mas na versão cinematográfica há mais um monte de informações que não estavam na cena original.

Posso dizer que tanto livro como filme me encantaram, mas cada um à sua maneira, e o livro muitos mais. Sempre há receio quando o assunto é livro x filme, pois se já há conhecimento prévio da obra, há também uma estrutura mental a respeito de situações existentes no livro. Acredito que teria sido mais simpática ao filme se não tivesse sido fisgada pelo encanto que me foi proporcionado pela obra de Travers, mas vai aí minha opinião: LEIA o livro e ASSISTA ao filme, são experiências maravilhosas e que realmente valem a pena!

*

Mary Poppins
Autora: P. L. Travers
Tradutor: Joca Reiners Terron
Editora: Cosac Naify
Ano de publicação: 1934
Ano desta edição: 2014
192 páginas

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Uma resposta em “[Com Pipoca] Mary Poppins

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