Esta resenha foi feita com base no e-book em inglês da Smashwords. A tradução de trechos foi feita por mim.
Preso injustamente, Frederick Whithers está desesperado para cometer o crime pelo qual já foi punido: roubar uma vasta herança de um banco. Ele finge sua morte pra escapar, mas quando é visto saindo de um caixão todo mundo supõe que é um vampiro; e quando não demonstra nenhuma das fraquezas tradicionais dos vampiros, decidem que ele deve ser o Great One – o vampiro mais poderoso na história do mundo.
Fonte: Livraria Cultura
Curiosamente, acompanho o trabalho do autor desse livro, mas nunca tinha lido nada dele. Isso porque ele faz um podcast de literatura que eu escuto, mas nenhum dos seus livros era muito meu estilo (horror sobrenatural ou distopias YA). A sinopse desse, porém, me conquistou imediatamente.
Narrado em primeira pessoa, o livro conta cinco dias da vida de Frederick Whithers. O ano é 1817 e Frederick e sua cúmplice, Gwen, têm um plano simples: ficar com o espólio de um homem sem herdeiros. O problema começa quando Frederick vai preso antes de o plano ser posto em prática. Ele consegue escapar, entrando no caixão que deveria ser de outro prisioneiro, mas, quando chega ao cemitério e tenta sair da cova aberta, é encontrado por um grupo de vampiros… e, no melhor estilo Monty Python, eles acreditam que Frederick deve não apenas ser um deles, mas o vampiro mais poderoso de todos os tempos – o “Great One”.
Os próximos dias são uma sequência insana de eventos, em que Frederick é perseguido pelos vampiros, pela polícia, pela ex-cúmplice, por um caçador de vampiros e, pra completar, pelo verdadeiro Great One, que aparentemente não gostou nada de ser confundido com Frederick.
Mas ele também tem aliados: seu novo amigo é ninguém menos que John Keats (sim, o poeta romântico), que fala em rimas e adoraria ter uma morte trágica e sofrimentos mil. Grande parte do humor do livro está no fato de Frederick, a única pessoa sã na história, fazer de tudo para conseguir a herança, não importa o quão desesperadora fique a situação. No caminho ele e John encontram ainda outras figuras célebres da literatura inglesa, que ajudam (ou atrapalham) sua meta, mas a introdução delas é tão boa que não quero me aprofundar para não dar spoilers.
A leitura é rápida porque a ação não para, e eu queria ver até onde chegariam os problemas de Frederick – e as soluções mirabolantes que o grupo (que rapidamente cresce) propõe para resolvê-los. Os diálogos são divertidos e inteligentes e a determinação de Frederick de realizar seu plano é muito envolvente.
Algumas coisas me irritaram um pouco: senti que o livro poderia ser mais curto, com uma ou outra reviravolta a menos. No começo achei as piadas recorrentes um pouco cansativas (como o fato de todo mundo supor que Frederick é um vampiro, não importa o que ele diga), mas, mais pro final, elas começaram a ser tão esperadas que eu já ria só de imaginar que estavam vindo.
Mas o humor chega a ser meio forçado às vezes, como em alguns diálogos e no hábito de Keats de falar em versos (por mais que eu gostasse do personagem). A maior qualidade do livro está em sua trama elaborada – e, claro, nos personagens. As mulheres do grupo – Gwen, que tenta passar a perna em Frederick do começo ao fim, e uma aliada que eles encontram em uma das muitas visitas ao cemitério – foram boas adições ao grupo. E os personagens secundários, como o coveiro que ajuda Frederick a escapar da prisão e o irmão de Gwen, que trabalha no banco que eles querem roubar, garantem alguns dos momentos mais engraçados.
Não vou falar sobre o final: apenas digo que foi inesperado e mantém o nível de absurdo do resto do livro. É uma leitura bem engraçada, com momentos que parecem saídos de comédias dos anos 80 (especificamente de Um morto muito louco – tirem as conclusões que quiserem disso). Ah, e é um livro fácil de ler, pra quem quer treinar o inglês com uma obra bem inusitada!
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A Night of Blacker Darkness
Autor: Dan Wells
Editora: Smashwords
Ano de publicação: 2011
E-book.
Citações preferidas
Se eu soubesse as loucuras que enfrentaria nos próximos dias, teria me virado e voltado diretamente à prisão, mas suponho que naquele ponto o estrago já tinha sido feito. Porque a verdade é que não há nada que comece com um caixão que também não termine com um.
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“Estamos em Londres, Frederick – qualquer luz do sol que consiga penetrar a fumaça será fraca demais para sequer aquecer um vampiro, muito menos desintegrar um.”
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“Vampirismo é como… é como carisma. Ou você tem ou não tem.”
“Carisma.”
“Exato. Você é uma daquelas pessoas sortudas que têm ambos.”
Adoreeeeeei a história, fiquei muito curiosa e parece bem divertida!
Já coloquei na lista de desejados 😀
beijos, Isa!
Um Metro e Meio de Livros
A história é bem mirabolante mesmo, ahaha. 😀
Gente, que premissa inusitada é essa?
Com tanto livro de fantasia sobre a tematica vampiresca ficando sempre no mesmo, esse livro parece ser bem criativo.
Complicado quando o autor perde a noção do tamanho do livro, né? Já foram vários livros que li que ficariam bem melhor se mais concisos.
Abraço,
Alê
http://www.alemdacontracapa.blogspot.com
Não é? Apesar de alguns defeitos, a história é tão boa que compensa. E claro, o autor ganha muitos pontos por usar vampiros de um jeito bem inusitado.
E sim, tem uns livros que te fazem se perguntar onde estavam os editores! (Especificamente, O temor do sábio e A dança dos dragões… ai, esses autores de fantasia que perdem a noção…)
Obrigada pelo comentário! 🙂