Imagine se fosse possível traçar um paralelo entre a vida selvagem da selva africana e a violência da vida nas metrópoles durante a ocupação das escolas públicas em meados de 2016, ponderando o interesse da mídia na divulgação de ambos os eventos. É essa a proposta de “Savana de Pedra”, uma metáfora visual em preto, branco e vermelho que vai fazer você procurar um lugar seguro em meio a tanta selvageria.
Fonte: Saraiva
Que a literatura nacional é importante por discutir questões que nos afetam diretamente a gente já sabe. Mas não é todo dia que uma obra muda consegue comunicar tanto sobre um panorama tão particular e perene, de maneira tão impactante.
É desafiador descrever Savana de pedra sem incorrer em adjetivação excessiva ou explicitar as sutilezas que a tornam tão forte. Me limito a dizer que cada uma das três linhas temporais é bem visceral, e pode ser lida independentemente. Uma mostra um policial, outra um menino em uma ocupação de escola. A terceira as entrecorta e mostra a savana africana pelas lentes de um fotógrafo de revista.
A escolha da paleta de cores não poderia ser mais incisiva. O preto e branco contrastados com vermelho traduzem bem a brutalidade da dinâmica retratada. A ausência de diálogos nos lembra que… bem, não há diálogo mesmo. A intransigência com a qual os secundaristas foram tratados pelo governo é injustificável, e a leitura de Savana de pedra reafirma essa convicção.
Encerro parabenizando Castilho por comunicar tanto em uma HQ (quase) sem palavras; usando os estilos diferentes e complementares de Rocha e William para nos entregar uma história curta e precisa.
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Savana de pedra
Autor: Felipe Castilho
Ilustrações: Wagner William e Tainan Rocha
Editora: Astral Cultural
Ano de publicação: 2016
40 páginas