Sinopse:
Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes ― seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido… pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.
Fonte: Companhia das Letras
“Por que só eu posso contar a história da sua vida? Você nem me conhece. Isso não faz sentido.”
“Não tenho a mínima obrigação de fazer sentido para você.”
“O que está por trás disso tudo, Evelyn?”
“Você faz perguntas demais.”
“Estou aqui para entrevistar você.”
“Mesmo assim.”
Quando a Isa me entregou este livro, eu estava tão perdida quanto Monique, a jornalista que recebe a maior oportunidade de sua carreira ao ser convidada para escrever a história da grande atriz Evelyn Hugo. Sem saber por que ela foi escolhida ou o que a aguarda na convivência com essa estrela de filmes clássicos, ela mergulha de cabeça no trabalho. Não é difícil se obcecar por Evelyn, uma mulher bela e sedutora, que ascendeu a passos largos na Hollywood clássica.
Eu estava em busca de uma leitura que me tirasse da ressaca literária e encontrei bem mais que isso: uma história envolvente com a qual me identifiquei. Respeitando o princípio deste blog de não dar spoilers, vou apenas dizer que existe representatividade LGBT muito cuidadosa e impactante.
Evelyn é uma mulher de ascendência latina que sonha com o estrelato – inclusive para fugir do pai abusivo. Todos especulam qual dos sete maridos foi seu grande amor.
A narrativa alterna a história de Evelyn com algumas cenas da vida da Monique, que está se reajustando após um divórcio dolorido e uma carreira que ainda não decolou. Como os leitores, Monique fica obcecada com a vida e a carreira de Evelyn. Confesso que não consegui me importar muito com a trajetória da jornalista… até chegar ao plot twist.
Todo mundo pensa que, diante de situações de vida e morte, a pessoa entra em pânico. Mas quase todo mundo que vivenciou uma ocasião como essa sabe que não pode se dar ao luxo de entrar em pânico.
Essa foi uma leitura que eu concluí em fevereiro, e me empolguei de novo para resenhar depois de assistir Hollywood, a minissérie da Netflix também ambientada na Era de Ouro de Holywood, e que também retrata personagens fora da norma tentando contar uma história que dê esperança aos transviados. Assisti de uma golada e recomendo bastante para quem quer deixar o coração quentinho.
O restante de Evelyn Hugo compreende algumas matérias jornalísticas e de tabloides da época, mas é dominado pelas entrevistas que Monique faz com Evelyn, que nos imergem na atmosfera da Hollywood clássica. Fiquei felicíssima com essa ambientação e tive muita facilidade para imaginar os figurinos (quem me conhece sabe que eu amo história da moda) e as ambientações. Não pude deixar de aproveitar que tinha no armário um vestido de festa verde, cor que Evelyn sempre usava em cerimônias importantes.
Uma das coisas mais legais é a maneira como a narrativa subverte um pouco a nossa expectativa de rivalidade feminina ao apresentar Celia, uma atriz que incorpora o estereótipo inverso de Evelyn: ela é interiorana, delicada e de aparência casta. Elas tinham tudo para ser inimigas, mas acabam encontrando problemas comuns em seu início de carreira e ajudando uma à outra. Existe mais um ponto em que a narrativa tangencia essa rivalidade, desta vez dentro da questão de abuso doméstico. Novamente me surpreendi com a verossimilhança das cenas, das desculpas que damos para esconder a situação e dos diálogos de mulheres que passaram pela mesma situação.
Harry, um produtor e um dos poucos amigos de Evelyn, é uma figura que me trouxe muita ternura também, por me lembrar de alguns homens cuja amizade fez a diferença na minha vida. Ele atua como um porto seguro para ela, mas também para o leitor que está se descabelando por torcer pelo sucesso de uma mulher destemida em um espaço que gostaria de domesticá-la ou subjugá-la. E ele é uma figura essencial para amarrar o plot.
Se tem uma coisa que Os sete maridos de Evelyn Hugo faz muito bem é surpreender e agradar pessoas com expectativas literárias bem divergentes. Eu esperava algo diferente e amei, minha avó leu em dois dias e adorou, e eu acabei de enviar de presente para uma pessoa que está se descobrindo LGBTQ+. Quem sabe você não vai apreciar também?
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Os sete maridos de Evelyn Hugo
Autora: Taylor Jenkins Reid
Tradutor: Alexandre Boide
Editora: Paralela
Ano desta edição: 2019
354 páginas
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Citações favoritas
“É por conta da casa”, ele falou, o que considerei a maior idiotice do mundo. Se é para dar comida de graça para alguém, que pelo menos não seja para gente rica.
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Evelyn faz que não com a cabeça. “A decepção amorosa é uma perda. O divórcio é um documento.”
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Celia olhou para o chão e riu para mim. “Pelo visto, você sabe dar um jeito em qualquer situação, né?”
“Sim”, respondi, sem entender ao certo por que ela considerava isso uma ofensa. “Sei, sim.”
(…)
E, na saída da San Diego Freeway, fiz para Harry a pergunta que vinha me assombrando fazia dias.
“Você acha que sou uma vagabunda?”
Harry parou no acostamento e virou para mim. “Acho que você é genial. E durona. E acho que ‘vagabunda’ é a palavra que os ignorantes usam quando estão sem argumentos.”
alguém sabe a classificação desse livro???
Classificação de gênero literário? Ou de faixa etária?
Qual a faixa etária do livro?
Oie!
É um livro adulto, mas acredito que a partir de 14-15 anos já seja uma leitura proveitosa. É importante saber que a obra inclui violência doméstica.
Abraços!
Gi