[Resenha] Klaus

capa_divulgacaoSinopse:

Klaus é um jovem de catorze anos que, assim como todos de sua idade, se sente um pouco diferente do mundo que o cerca. Agora, ele precisará lidar com os meandros da passagem da adolescência para a vida adulta enquanto descobre que suas diferenças com os outros não são meramente um acaso, mas algo estranhamente oculto que está prestes a se revelar.

Fonte: Balão Editorial

Klaus é um adolescente normal: briga muito com os pais, sofre bullying na escola, está de mal com o mundo. Mas tudo ao seu redor é bastante incomum: sua casa fica numa floresta; seus pais são um casal de tigres; seus colegas, um coala, um elefante, um cão e uma tartaruga. Esses são os personagens da primeira graphic novel de Felipe Nunes, que conta um dia na vida do menino Klaus.

O traço de Nunes é limpo e bem bonitinho – se quiser dar uma olhada, clique aqui e leia um trecho da obra! Essas características, aliadas à escolha de desenhar animais antropomorfizados, poderia ter dado origem a uma HQ infantil e alegre. Mas o autor conseguiu habilmente usar efeitos de luz e sombra (os desenhos são preto e branco) e as expressões faciais dos personagens para transmitir o que Klaus realmente é: uma história séria, e até tensa, sobre identidade e autodescobrimento.

O protagonista é aquele adolescente rabugento, que fala pouco e tenta se esconder atrás de uma franja enorme, o estereótipo de rapaz revoltado pelo qual o leitor muitas vezes sente uma simpatia automática. Curiosamente, em vários quadros, achei também que o menino tinha feições meio tigrescas, bastante parecidas com as dos pais.

Klaus é o único humano em um mundo de animais, o que explica por que sofre bullying na escola. Mas o bullying existe também no nosso mundo, em escolas onde todos são teoricamente iguais, e é quando nos lembramos disso que a obra nos deixa indignados com a presença constante dessa violência, de formas diretas e indiretas, e mesmo fora do cotidiano escolar.

Em um espaço de tempo curto – apenas 24 horas da vida do personagem – conhecemos sua vida, com seus problemas e hábitos cotidianos. Mas não se trata de um dia qualquer: é quando Klaus descobre um segredo sombrio de seu passado, que lhe motivará a partir numa jornada em busca da verdade.

A história segue vários clichês da literatura – como o protagonista deslocado que procura seu lugar no mundo – mas consegue ser inovadora e única. Em parte, isso se deve ao fato de que ela não trata da jornada em si, mas sim do momento anterior, da pausa que o protagonista faz para questionar a própria identidade. A partir desse questionamento, Klaus atiça aquela vontade que todos temos, de nos entender e de sermos entendidos.

Com poucas páginas e um ritmo acelerado, é uma leitura rápida e bem gostosa, daquelas que te fazem continuar refletindo depois de fechar o livro.

*

Klaus
Autor: Felipe Nunes
Editora: Balão Editorial
Ano de publicação: 2014
112 páginas

Livro cedido em parceria com a Balão Editorial.

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3 respostas em “[Resenha] Klaus

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