Parte romance gótico, parte mistério e aventura steampunk. Após a invasão do mundo pelos seres mágicos, as fadas foram aceitas entre os mortais, mas os mestiços não têm lugar. Os irmãos Barthy e Hettie vivem com medo. Tudo piora quando Peculiares são encontrados, ocos, boiando no Tâmisa. Mas eles estão seguros em Bath, não? Talvez… Se não fosse pela misteriosa dama em veludo ameixa que aparece na vizinhança. Quem é ela? E o que quer?
Fonte: Livraria Cultura
Fadas, engrenagens e assassinato. Me parece uma boa receita.
Adiei a leitura desse livro desde agosto, quando o ganhei na Steamcon (um evento maravilhoso para os amantes de retrofuturismo) e precisei enfiar na estante pra ser produtiva na graduação. Na minha última viagem, que envolveu voos de doze horas e muito chá de cadeira nos aeroportos, resolvi levá-lo, por me trazer a sensação de ter coisas gostosas para as quais voltar – além de não parecer muito denso. Afinal, durante a viagem eu já precisaria lidar com várias coisas novas e diferentes e queria guardar minha atenção para elas.
A capa do livro me agradou profundamente. Primeiro porque é linda. Depois porque tem relevos com uma textura gostosa (e sou dessas que adora apalpar o livro). Quando vi que o autor começou a escrevê-lo aos dezesseis anos, minhas expectativas já caíram bastante. Mas é com alegria que declaro que elas foram superadas.
A premissa do livro me foi bastante inusitada. Devo dizer que fiquei hesitante com a presença de seres mágicos em um contexto steampunk, mas gostei muito de como o autor uniu as duas coisas. As fadas vieram para o mundo humano através de um portal que surgiu de maneira aparentemente espontânea. E não conseguiram mais voltar.
A história se passa em um momento no qual a convivência entre fadas e humanos é usual, mas ainda conta com hostilidades de ambos lados. Embora as fadas possuam cadeiras no Parlamento, os humanos usam ostensivamente o ferro e tocam sinos com grande frequência – duas coisas que perturbam imensamente os seres feéricos. A maior parte da população de fadas se concentra em Bath, onde o portal se abriu originalmente. E é lá que moram Bartholomew e Hettie, crianças fruto de uma relação entre uma humana e uma (um?) fada. Essas crianças são chamadas de “peculiares” ou “medonhos”.
Os dois irmãos sofrem mais preconceito que as próprias fadas, e por parte delas também. Eles vivem escondidos, devido a características físicas que os entregariam facilmente. O autor não faz descrições muito explícitas das crianças – o que é positivo para a imaginação, mas me fez questionar o que as identificava mais como peculiares do que como fadas.
Bartholomew protagoniza a história ao lado do Senhor Jelliby, um parlamentar meio atrapalhado e muito pacato. Ambos se vêem envolvidos com as mortes misteriosas de peculiares e acabam se ajudando para impedir que mais mortes ocorram, seguindo pistas da “misteriosa dama de ameixa”.
De capítulos curtos e descrições agradáveis, esse livro me manteve bem atenta até o final. E ao longo da história, o considerei mediano. E então… me deparei com um acontecimento que promete um segundo livro. E eu realmente não esperava por aquilo.
O segundo volume já foi publicado no Brasil com o título Não-sei-quê.
Embora esteja longe de ter o nível de angústia que costuma me apaixonar em um livro, é um infanto-juvenil cativante e melhor elaborado do que eu jamais esperaria. É um bom presente para uma criança que está flertando com a leitura – mas que ainda não encontrou o livro certo.
*
O peculiar
Autor: Stefan Bachmann
Tradutora: Viviane Diniz
Editora: Galera Júnior
Data de publicação: 2012
Data desta edição: 2014
271 páginas
Citações favoritas
Autômatos a serviço do governo rangiam suas juntas enferrujadas pelas ruas, limpando a lama adiante e deixando poças de óleo para trás. Um grupo de acendedores de lampiões estava ali, dando vespas e libélulas como alimento a fadas das chamas sentadas entre os vidros dos postes de rua, sem ânimo e mal-humoradas até o amanhecer.
*
A porta tinha um rosto […]. Mamãe dizia que o rosto costumava pedir besouros das pessoas que queriam entrar e cuspia seus élitros nas pessoas que queriam sair, mas Bartholomew nunca havia visto o rosto sequer piscar.
*
Mas uma voz maldosa se insinuara na cabeça de Bartholomew e dizia: Um monstro? Mas ele é como você. Tão feio quanto, tão egoísta quanto. Você não é diferente dele.
Oi Gi,
Sabe que eu dei uma chance para o livro, mas não passei das primeiras páginas. Estava achando a narrativa meio “truncada” e com tanto livro para ler, desisti logo no início. Acho que tbm nao ajudou o fato de que minha unica experiencia com o steampunk não ter sido positiva, então acho que já comecei a leitura de “O Peculiar” com o pé atrás.
Mas quem sabe ainda dê mais uma chance para o livro.
Abraço,
Alê
http://www.alemdacontracapa.blogspot.com
Oi, Alexandre!
O começo é meio devagar mesmo. Acho que isso não me afetou porque eu leio bem rápido e estava bem entediada, então passei rapidamente pras partes mais instigantes.
Fiquei curiosa: qual foi o seu primeiro contato com o steampunk?
Nossa, fiquei bastante curiosa! Steampunk e Fantasia? Parece uma boa pedida 🙂
Ainda mais para quem gosta de infantis.
beijão
http://www.ummetroemeiodelivros.com
Foi uma combinação surpreendentemente agradável pra mim 😀