Essa resenha foi baseada no e-book em inglês da Dragonsteel Entertainment e contém spoilers para TODOS os livros de Mistborn, incluindo Bands of Mourning. A tradução de trechos foi feita por mim.
Sinopse:
Mistborn: A Secret History se apoia na caracterização, eventos e construção de mundo da trilogia original. Lê-la sem esse pano de fundo vai ser um processo confuso, na melhor das hipóteses.
Dizer mais qualquer coisa aqui arrisca revelar demais. Mesmo o conhecimento da existência dessa história é, de certo modo, um spoiler.
Há sempre outro segredo.
Fonte: Kobo
Diga o que quiser sobre Brandon Sanderson, mas ninguém nunca fez o que ele está fazendo na fantasia épica atualmente. Perdoem o momento tietagem, mas é que essa novela – cujo título já é suficiente pra deixar qualquer fã de Mistborn salivando – me lembrou por que eu amo esse cara.
Se você não leu a trilogia Mistborn original, feche já esta página. E se ainda não leu os livros da era 2 – que começam com The Alloy of Law –, recomendo que fuja também. Acredite, são muito bons e vale a pena ler o mais recente, Bands of Mourning, e ter a surpresa da sua vida, antes de pegar esta Secret History.
Avisados? Procedam com sabedoria.
É CLARO QUE KELSIER NÃO IRIA CALMAMENTE PARA A MORTE.
Secret History é uma novela de 150 páginas que começa com a morte do amado personagem, que, sendo o homem mais teimoso em todo Scadrial, recusa-se a ir para a luz. Após uma discussão básica com Deus (na verdade, Preservação), Kelsier consegue permanecer num plano intermediário, chamado Plano Cognitivo, preso próximo ao Poço da Ascenção. A novela conta o que ele andou fazendo durante o resto dos livros de Mistborn, revelando sua participação nos eventos que se seguem à morte do Lord Ruler até o fim da trilogia – e um pouco além.
Em meio a conversas com Preservação, lutas com Ruína e – claro – encontros com Hoid, Kelsier aprende fatos importantes sobre a cosmere que explodem sua cabeça, mais ou menos como Brandon explode a do leitor a cada livro. Embora as Shards sejam mais ou menos conhecidas pelos fãs de Sanderson (especialmente os que já leram Stormlight Archive), o autor menciona algumas novas pela primeira vez em um texto oficial (e não em conversas com fãs) e resume bem didaticamente os preceitos da cosmere e o que são as Shards.
Kelsier é apenas ótimo. Não há como não admirar sua persistência diante de chances mínimas, mesmo que fundada em grande parte em um desejo de se superar e se provar melhor que a competição (mesmo que a competição seja divina!). Ele reconhece sua ignorância e busca ampliar seus conhecimentos, tornando-se mais sábio ao mesmo tempo que mantém aquela personalidade irreverente que conhecemos e amamos. Dá apelidos para um deus, engana outro e muda o destino de todo um planeta. Além de interagir com vários personagens dos seus livros (embora eu tenha lido a trilogia inicial há alguns anos, fiquei bem emocionada ao reencontrá-los!), conhece uma personagem que aparece muito brevemente na era 2 (o que eu só percebi procurando-a na Coppermind, admito – mas foi uma descoberta bem legal!).
Em suma, é uma novela imperdível pra fãs de Mistborn – como o próprio Brandon diz, completa lacunas deixadas em O herói das eras. E tudo indica que Kelsier terá um papel maior nos próximos livros de Mistborn, então não deixe de lê-la quando puder.
E lembre-se:
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Mistborn: Secret History (e-book)
Série: Mistborn (vol. 3,5)
Autor: Brandon Sanderson
Editora: Dragonsteel Entertainment
Ano de publicação: 2016
153 páginas
Citações preferidas
“Ah, inferno,” Kelsier disse. “Existe um Deus mesmo?”
“Sim.”
Kelsier lhe deu um soco.
*
O que ele vira o perturbara tanto que quase não retornou. Quase se convenceu a ignorar a coisa terrível na escuridão. Quase bloqueou os sussurros e tentou fingir que nunca havia visto aquela força destruidora vasta e espantosa.
Mas é claro que não podia fazer isso. Kelsier nunca fora capaz de resistir a um segredo.
*
“As Shards,” Khriss disse, atraindo a atenção de Kelsier, “não são Deus, mas são pedaços de Deus. […] Há dezesseis delas.”
“Dezesseis,” Kelsier disse. “Há mais catorze dessas por aí?”
“As outras estão em outros planetas.”
“Outros…” Kelsier piscou. “Outros planetas.”
“Ah, veja só,” Nazh disse. “Você já o quebrou, Khriss.”
*
O roubo era a forma mais autêntica de lisonja.
O que podia ser mais satisfatório que saber que as coisas que você possuía eram intrigantes, cativantes ou valiosas o bastante para provocar outro homem a arriscar tudo para possui-las? Esse era o propósito de Kelsier na vida: lembrar as pessoas do valor das coisas que elas amavam. Roubando-as.
*
“Ideias nunca são originais,” Kelsier disse. “Só uma coisa é.”
“E o que é isso?”
“Estilo,” Kelsier respondeu.
O mais legal desse livro é o fato que o Kelsier deu um soco nos dois Shards de Scadrial.
Estilo x2
Hahaha achei maravilhoso
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onde consigo o livro em portugues ?