[Resenha] Pax

paxSinopse:

Peter e Pax, raposa e menino, inseparáveis. Mas a guerra se aproxima, e guerras nem sempre respeitam os laços de amizade e amor. Em uma perigosa jornada para resgatar sua raposa, Peter terá que domar sua natureza feroz, enquanto Pax descobre a liberdade e os perigos do mundo selvagem.

Fonte: Intrínseca

 

 

Lembra daquela cena que te fez chorar em O cão e a raposa? Você sabe, aquela em que a mulher precisa abandonar sua raposa na floresta. Vamos, não precisa ter vergonha. Eu mesma chorei só de escolher um gif pra colocar aqui.

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O lançamento da editora Intrínseca Pax começa exatamente aí. O garoto Peter e seu pai estão levando Pax, uma raposa de estimação, para a orla da floresta, onde terão que soltá-lo na natureza. Como se a cena não fosse emocional o suficiente, ela é contada do ponto de vista da raposa. Então, sim, o leitor já se debulha em lágrimas no primeiro capítulo.

Quando você finalmente para de chorar e continua a leitura, descobre que Peter foi obrigado a abandonar Pax quando seu pai foi para a guerra e levou o garoto para morar com o avô. Mas no mesmo dia em que deixa a raposa na floresta, o menino se arrepende e decide fugir de casa para buscá-la. Enquanto isso Pax, percebendo a ausência alarmante de seu humano, também está disposto a fazer de tudo para reencontrá-lo. A partir daí começa uma emocionante história em que, na busca por seu melhor amigo, cada um dos protagonistas fará grandes aprendizados, principalmente sobre si mesmos.

A narrativa em terceira pessoa alterna a cada capítulo um ponto de vista (ora de Peter, ora de Pax), o que é interessante pois permite ao leitor ter diferentes versões de algumas lembranças que os dois amigos compartilham. Os capítulos de Pax têm pouquíssimos diálogos entre os animais, e estes são expressos em forma de pensamento. São frases curtas em itálico, passando mensagens simples, como Coma ou Vamos nesta direção. Em uma nota no início do livro, a autora explica que usou esses diálogos para traduzir em texto a complexa forma de comunicação entre as raposas, que inclui sons e gestos. Ficou bem mais natural do que se ela inserisse diálogos mesmo, com falas mais complexas iniciadas por travessões.

Além do amor incondicional entre os dois protagonistas, o livro explora a relação deles com outros amigos que conhecerão em seu caminho. Pax passa a conviver com raposas silvestres, que lhe ensinam a viajar e caçar no bosque, a ser um animal livre. Já Peter precisa fugir de outros humanos, que podem mandá-lo de volta para a casa do avô, fazendo sua missão de resgate fracassar. Mas, após um perigoso imprevisto, ele acaba encontrando uma inusitada amiga, que lhe ajudará não apenas a viajar até Pax, mas também a lutar contra seus medos e a entender quem ele realmente é. Não serão aprendizados fáceis, e ele os faz entre provações diárias repletas de frustração, que fazem vir à tona o seu pior. Um dos maiores medos do garoto, desde o início do livro, é que momentos como esses possam revelar que ele seja igual aos outros homens de sua família, com quem Peter tem uma relação atribulada. Fechados, rabugentos e até violentos, eles criaram um garoto com medo de se tornar como eles, e esse medo parece permear cada decisão tomada por Peter.

Outros assuntos também são abordados pela autora de forma muito sensível ao longo da jornada dos personagens, como arrependimento, separação, relações familiares, raiva, autoconhecimento e até estresse pós-guerra.

Essa história pesada e ao mesmo tempo leve é acompanhada de ilustrações delicadas feitas por Jon Klassen (as quais me fizeram soltar vários suspiros bobinhos), numa edição de capa dura impecável de tão bem-feita.

Qualquer um que já tenha convivido com um animal de estimação ou com um amigo-irmão, ou que simplesmente tenha uma alma, vai se sensibilizar com essa história breve, emocionante e cheia de significado. Separem os lencinhos!

*

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Pax
Autora: Sara Pennypacker
Ilustrador: Jon Klassen
Tradutora: Regiane Winarski
Editora: Intrínseca
Ano desta edição: 2016
288 páginas

Exemplar cedido em parceria com a Intrínseca.

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2 respostas em “[Resenha] Pax

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