[Resenha] Damn Fine Story

Esta resenha foi escrita com base no e-book em inglês da Writer’s Digest Books. Todas as traduções de trechos foram feitas por mim.

damnfineSinopse:

O que Luke Skywalker, John McClane e o cachorro solitário na praia de Ho’okipa têm em comum?

Em resumo, nós nos importamos com eles.

Uma boa história faz os leitores se importarem com seus personagens, as escolhas que eles fazem e o que acontece com eles. E para contar uma boa história, é preciso entender por que e como isso acontece.

Usando uma mistura de histórias pessoais, exemplos da cultura pop e termos tradicionais de narrativas, o autor best-seller Chuck Wendig vai ajudá-lo a internalizar o sentimento de uma boa narrativa.

Fonte: Amazon

Chuck Wendig já escreveu romances, contos, roteiros e até jogos, mas é mais conhecido por aqui como o autor da trilogia Marcas da Guerra de Star Wars. E como amei esses livros (vá lê-los imediatamente!), fiquei curiosa ao ver que ele tinha lançado um com dicas de storytelling — que, para os propósitos desta resenha, vou chamar simplesmente de história ou narrativa.

Porque Damn Fine Story, como o autor mesmo diz, é justamente isso: não um livro com dicas de estilo ou gramaticais, mas sobre o desenvolvimento de uma narrativa que faça os leitores se engajarem (e permanecerem engajados) com os personagens. Estes são a chave da maior parte das dicas apresentadas.

O livro é dividido em seis “regras” sobre o assunto, que o autor destrincha em cada capítulo. Não que sejam regras absolutas (ele mesmo aponta que contar histórias não é ciência), mas mesmo ideias com as quais não concordamos podem nos fazer pensar.

Para nos envolver nessa reflexão, o estilo do Chuck é muito coloquial e intimista (tanto que estou chamando-o de Chuck — desculpe, sr. Wendig). Ele conta causos da família e usa exemplos da cultura pop para exemplificar seus argumentos (especialmente Duro de matar e Star Wars — ele fala bem da trilogia original e mal das prequels, caso você esteja se perguntando). O livro também é recheado de notas de rodapé, muitas que me fizeram rir alto e algumas que me fizeram falar: “Poxa, Chuck, vamos voltar para o assunto, cara, isso já é demais”. Mas no fundo foi só uma irritação leve, porque o conteúdo do livro é muito bom.

Basta dizer que tenho 21 páginas de marcações no meu e-reader. Praticamente a cada página havia alguma dica certeira ou alguma metáfora perfeita (comparando a história a uma maçã ou uma casa ou uma piada ou um truque de mágica) que eu queria recordar. Entre os assuntos tocados ao longo do livro, temos:

  • o começo da história como algo que interrompe o status quo (no contexto micro ou macro);
  • como criar personagens com os quais o leitor se identifique;
  • como deixar os personagens criarem a trama, em vez de os forçar a se adaptar a ela;
  • como organizar a história de modo a gerar perguntas em vez de dar respostas rápidas;
  • a diferença entre perguntas que conduzem os personagens e as que conduzem os leitores;
  • como criar riscos e manter a tensão;
  • tema, tom e símbolos recorrentes;
  • diálogos;
  • subtramas e como usá-las; entre outros.

Tudo isso é abordado de forma muito clara e direta. Concordando ou não com tudo apresentado, acho difícil qualquer escritor passar por este livro sem refletir sobre seu trabalho e seu modo de contar histórias (e sem dar umas risadas). Tirei muitas observações úteis de todas as dicas e capítulos, mas minha preferida tem que ser a última regra: Escreva quem você é. Algo que seria um ótimo título para o livro, se Damn Fine Story (“Uma história do caralho”?) já não fosse demais.

*

Clique aqui e compre esse livro na Amazon.com.br!

Damn Fine Story
Autor: Chuck Wendig
Editora: Writer’s Digest Books
Ano desta edição: 2018
232 páginas

 

Citações preferidas

Eu gosto de dizer que a história é uma maçã e a trama é a seta que atravessa a maçã.

O que significa que a história é o contexto geral, enquanto a trama é simplesmente nosso caminho através do contexto.

*

O ato de contar histórias é, estranhamente, o ato de prejudicar ou ajudar os personagens a fim de afetar você, o público. Queremos que você chore. Queremos que você torça.

Sério, nós somos monstros.

(E é tão divertido.)

*

Perguntas, como diálogo, nos movem ao longo de uma narrativa. O público é um viciado, nós, contadores de histórias, somos os traficantes, e nosso produto é o mistério.

*

Você já conheceu alguém que morreu? Um amigo, um parente, uma figura pública? George R. R. Martin os matou. Ele os caçou e deu fim à história deles porque ele é um monstro desse tipo, do tipo que mata personagens. Ele é a Morte Personificada.

*

Não tenha medo. Você não pode ser um impostor porque contar histórias não é para poucos. É para muitos. Histórias são para todos.

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