Sinopse:
“As boas damas” é a aventura de Annabel Watson, filha do famoso doutor e parceiro de investigações de Sherlock Holmes. Anos depois da morte dos pais, Anna vive com Holmes, seu tutor legal, que está prestes a se aposentar, até uma última cliente aparecer: uma dama da sociedade, que confessa ter assassinado o próprio filho, desafiando o detetive a descobrir suas motivações. Holmes, com Annabel a tiracolo, vê-se diante de um mistério que parece encobrir um mundo sobrenatural.
Fonte: Amazon
As boas damas é uma pérola. Esta novela de Sherlock Holmes é uma leitura de uma sentada só — porque é impossível largar — e uma aposta excelente para quem gosta mesmo que só um pouco de Sherlock Holmes.
Em vez de criar mais uma novela com Holmes e Watson, a autora cria uma história com Holmes e Watson — Annabel Watson, personagem original e a filha adolescente do médico, que após a morte do pai está aos cuidados (se é que podemos chamar assim) do detetive. Annabel também é escritora e tem uma visão mordaz dos fatos e das pessoas ao redor, que logo se transforma em curiosidade e receio quando um novo caso se apresenta. Como seu pai, ela se dispõe a investigar junto com Holmes e nesse processo se revela extremamente inteligente e capaz. De modo geral, uma personagem excelente.
O caso é este: uma dama que tem conexões antigas com Holmes diz ter assassinado seu próprio filho e pede ao detetive que descubra a verdade por trás disso. Seus motivos envolvem fatos sobrenaturais: ela diz que o filho foi trocado na infância. Vale notar que é uma novela de fantasia, então o leitor deve esperar que o que parece sobrenatural de fato o seja. Isso não quer dizer que a trama não se desenvolva com rigor, nem que Holmes e Annabel não usem suas habilidades dedutivas (e exploratórias) para chegar à conclusão. O caso é fechadinho e se baseia em parte na onda de ocultismo que dominou a Europa no século XIX, o que é um toque bacana.
É sempre arriscado usar personagens tão conhecidos e estabelecidos no imaginário do leitor, mas aqui funcionou. Não só Holmes soa como Holmes, mas a autora consegue pontilhar a trama acelerada com momentos de emoção verdadeira, especialmente ao tratar de John Watson e seu relacionamento com o detetive. Os fãs das histórias originais devem apreciar as aparições e menções de outros personagens clássicos também.
A narrativa em primeira pessoa de Annabel nos conduz pela investigação, sem divagações desnecessárias nem descrições excessivas. A ambientação dos cenários ingleses evoca muito bem aquelas paisagens sinistras que você espera encontrar numa história assim. A revisão deixou passar alguns errinhos, mas nada muito terrível. Já a capa está impecável, e o texto ainda é permeado por ilustrações que aumentam a sensação de estar lendo uma história de Sherlock Holmes.
Arthur Conan Doyle, que odiava Holmes mas tinha uma queda por fadas, talvez ficasse dividido em relação a esta novela. Eu não: simplesmente adorei.
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As boas damas
Autora: Clara Madrigano
Editora: Dame Blanche
Ano de publicação: 2017
E-book