Sinopse:
Jonas não sabe muito bem o que fazer da vida. Entre suas leituras e ideias para livros anotadas em um caderninho de bolso, ele precisa dar conta de seus turnos no Rocket Café e ainda lidar com o conservadorismo de seus pais. Sua mãe alimenta a esperança de que ele volte a frequentar a igreja, e seu pai não faz muito por ele além de trazer problemas.
Mas é quando conhece Arthur, um belo garoto de barba ruiva, que Jonas passa a questionar por quanto tempo conseguirá viver sob as expectativas de seus pais, fingindo ser uma pessoa diferente de quem é de verdade. Buscando conforto em seus amigos (e na sua história sobre dois piratas bonitões que se parecem muito com ele e Arthur), Jonas entenderá o verdadeiro significado de família e amizade, e descobrirá o poder de uma boa história.
Fonte: Globo Livros
Eu estava procurando um livro que me ocupasse por horas, um romance fofo que eu soubesse que ia gostar. Logo pensei no lançamento de Vitor Martins, porque adorei seu primeiro livro (leiam a resenha de Quinze dias!) e não me decepcionei. Esse segundo romance é tão difícil de largar quanto o primeiro.
Ele conta a história de Jonas, um garoto gay que saiu da escola e não entrou na faculdade. Ele começa a trabalhar em uma cafeteria para ajudar com as contas em casa, mas na verdade deseja ser escritor. Os pais não sabem de sua sexualidade, e ele tem bons motivos pra crer que nenhum dos dois vá aprovar. Mas sua vida muda quando ele conhece um rapaz lindo um dia no trabalho, e os dois começam um relacionamento.
Apesar da premissa – conhecer um boy lindo enquanto você trabalha numa cafeteria –ter toques de comédia romântica/fanfic (e digo isso do melhor jeito possível, pois amo ambas as coisas), o livro tem um ar muito realista. (Se você mora em São Paulo, até demais: tenho certeza que sei em qual restaurante Jonas e Arthur vão almoçar na Paulista!) É, na essência, uma história sobre família: aquela na qual nascemos e as que escolhemos para nós mesmos, uma temática muito importante para pessoas LGBT.
O livro tem muitas qualidades. Adoro os amigos de Jonas (Danilo e Isadora, da escola, e Karina, do trabalho) e como seus relacionamentos parecem reais, especialmente quando a história mostra a dificuldade de manter contato com seus amigos de escola quando todos começam uma nova etapa da vida. O relacionamento entre Jonas e Arthur se desenvolve de um jeito super natural e sem grandes dramas.
O maior conflito realmente se encontra entre Jonas e seus pais: o pai abusivo e a mãe profundamente religiosa. Achei essa dinâmica doméstica – e os sentimentos que ela causa nele, de deslocamento, raiva e temor – muito bem desenvolvida e importante de ser discutida. Os sentimentos de Jonas em relação a Deus e a religião com certeza vão fazer muitos leitores se identificarem. Fiquei especialmente tocada com o relacionamento que ele tem com a mãe; achei a resolução desse conflito bonita e verossímil. Além disso, é legal ver o contraste entre esse relacionamento conturbado e o relacionamento de Arthur com os pais, que é bem diferente, mas não deixa de ser problemático.
Outra questão bem legal é o drama de decidir o que fazer da vida. Jonas quer ser escritor e fica anotando ideias para livros que nunca começa – pelo menos, até ter a ideia de uma história sobre piratas gays, inspirados nele e em Arthur. Alguns capítulos do livro são justamente essa história escrita por ele, que é bem divertida (e logo me deixou ansiosa pra saber o que ia acontecer com os piratas, rs).
O resto do livro é narrado em primeira pessoa, com o mesmo estilo coloquial e bem-humorado do livro anterior do autor, embora este lide com alguns temas mais pesados e consequentemente também tenha momentos de reflexão interior muito bonitos. Há muitas referências de cultura pop, também, o que deixa a obra bem contemporânea (e dá aquela sensação de que Jonas e cia. realmente existem). Minha maior crítica ao livro é o fato de abordar a temática PIRATAS GAYS e não haver uma única menção a BLACK SAILS, a melhor série sobre piratas LGBT da HISTÓRIA DA TELEVISÃO. Mas vou relevar, já que curti tanto o resto da obra.
Em resumo, Um milhão de finais felizes é uma história divertida, tocante e às vezes bem dolorosa sobre crescer LGBT e crescer de modo geral. Recomendo!
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Um milhão de finais felizes
Autor: Vitor Martins
Editora: Globo Alt
Ano de publicação: 2018
352 páginas
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Me julgue, mas me conte qual é esse lugar na Paulista onde rolariam esses encontros. hahaha