[Resenha] Mensageira da sorte

mensageiraSinopse:

Em pleno Carnaval carioca, durante uma confusão em um protesto contra a AlCorp, Sam passa a ser uma mensageira temporária no Departamento de Correção de Sorte, uma organização extranatural secreta incumbida de nivelar o azar na vida das pessoas.

Para manter esse equilíbrio, os mensageiros devem distribuir presságios de sorte para alguns escolhidos. E o primeiro “cliente” de Sam é justamente o seu novo vizinho e colega de classe, Leandro. O que Sam não sabe é que Leandro também é engajado nos protestos contra a corrupção da AlCorp, sem se preocupar com os riscos que possa correr ou com as chances que tem dado ao azar, e a garota se vê obrigada a usar a sorte do Destino para protegê-lo.

Em meio a uma rede de intriga, corrupção e poder, a mensageira da sorte precisará fazer as pazes com o passado e lutar até o fim para que a balança do Destino se equilibre outra vez.

Fonte: Plataforma 21

Mensageira da sorte é o primeiro romance YA de Fernanda Nia e a primeira publicação nacional da Plataforma 21, selo da editora V&R. Trata-se de uma fantasia urbana passada no Rio de Janeiro que trabalha um tema bem contemporâneo – protestos populares – sem deixar de explorar os dilemas pessoais de seus personagens.

Em resumo: Cassandra Lira, ou Sam, é uma garota de 17 anos que perdeu o pai em um dos protestos ocorridos no Rio contra a AlCorp, uma megacorporação que está controlando tudo por lá e reprimindo a população ao mesmo tempo. Por motivos que serão explicados ao longo do livro, ela se sente culpada pela morte do pai – e nos meses que se seguiram, sofreu de depressão e ainda tem ataques de pânico quando se vê no meio de um dos recorrentes conflitos.

Por acaso, um dia ela está no lugar errado na hora errada (ou no lugar certo na hora certa, dependendo do ponto de vista do Destino) e se vê encarregada de uma missão extranatural: tornar-se uma mensageira temporária do Departamento de Correção da Sorte (DCS), que distribui conselhos para equilibrar o nível de sorte e azar as pessoas. Sua primeira missão é enviar uma mensagem para Leandro, um garoto que mora no seu prédio e estuda na sua escola, e então os dois começam uma amizade que logo se torna algo mais.

Demorei um pouco para entrar no ritmo do livro, mas a partir da metade a leitura voou que foi uma beleza. Se no começo ainda não fica claro para onde a trama está nos levando, à medida que a amizade de Sam e Leandro se estreita e ficamos sabendo das conexões que o garoto tem com os protestos e a AlCorp – e com o próprio Destino –, as coisas vão ficando cada vez mais tensas. O romance entre os personagens também é muito fofo, e enfrenta fortes dilemas e obstáculos, o que só me fez torcer mais por eles.

Sam é uma personagem muito bem construída, com um arco claramente delineado ao longo do livro – a vemos crescer e enfrentar seus medos e descobrir o que quer ser e fazer na vida. Ao mesmo tempo, a questão dos protestos aborda uma dimensão social que vai além dos dilemas pessoais da personagem.

Já para o lado da fantasia, o DCS é muito legal! Vamos descobrindo detalhes sobre o Departamento aos poucos (nada de info dumps, Sam só fica sabendo das coisas quando precisa mesmo) até que uma cena mais para o final amplia o escopo da coisa absurdamente (não à toa, é minha preferida do livro).

Entre os personagens secundários, gostei especialmente da mãe de Sam, com quem ela tem uma relação bem realista: se amam muito, mas também há uma dose de culpa do lado de Sam por ter dado tanto trabalho à mãe, e de proteção um pouco excessiva (embora por motivos bem razoáveis) da parte da mãe. Isso causa brigas e uns gritos de vez em quando: sabe, um relacionamento normal entre pais e filhos.

Minha maior dificuldade foi a narrativa em primeira pessoa de Sam – achei seu humor e sarcasmo um pouco exagerados, assim como as referências constantes a aspectos da vida contemporânea, como memes. Mas nada que atrapalhasse a leitura como um todo. O livro consegue conciliar um tema social relevante com personagens complexos e uma trama bem costurada. Recomendado a fãs de literatura nacional, YA e fantasia urbana!

*

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Mensageira da sorte
Autora: Fernanda Nia
Editora: Plataforma 21
Ano de publicação: 2018
424 páginas

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Uma resposta em “[Resenha] Mensageira da sorte

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