[Resenha] Democracia

2019-democraciaSinopse:

Democracia começa em 490 a.C., com Atenas em guerra. Nosso herói, Leandro, está tentando instigar seus camaradas para a batalha contra um inimigo muito mais poderoso, e começa a recontar sua própria vida. O que se revela é uma história de bravura, perigos e grandes ideias, da morte dos deuses e do tortuoso nascimento da democracia. Repleto de personagens extraordinários e de cores vibrantes, Democracia oferece uma nova visão de como veio a existir a maior de todas as invenções cívicas.

Fonte: Martins Fontes

Quando você trabalha com livros, às vezes dá a sorte de conhecer coisas incríveis. Talvez vocês saibam que eu adoro a Grécia antiga, por isso Democracia não podia ter sido uma leitura mais perfeita para mim.

Esta HQ a muitas mãos é narrada principalmente por Leandro, um personagem fictício que se encontra prestes a combater em uma das batalhas mais famosas das Guerras Médicas (499-449 a.C.). Na noite anterior à batalha, Leandro – um pintor de vasos ateniense – conta sua história de vida a seus companheiros, que se desenrola sobre o pano de fundo de um período conturbado da história de Atenas: da tirania de Pisístrato ao governo de seus filhos Hípias e Hiparco, até a derrubada destes e o início da democracia na cidade-estado.

Se você não lembra bem das aulas de História do Ensino Médio e está perdido, não tema. A história pessoal de Leandro é a porta de entrada para a trama, e os autores inserem na narrativa explicações sobre o contexto histórico de um jeito totalmente orgânico (embora seja bom atentar para todos os nomes que surgem, para não se perder nas maquinações políticas). Pra dar uma ajudinha, os principais personagens aparecem em um glossário ao fim da obra.

A história da Grécia, e de Atenas em especial, é cheia de aspectos fascinantes, e a obra aborda muitos deles, como os bastidores do Oráculo de Delfos e suas profecias, assim como as discussões no Conselho de Cidadãos ateniense, cujos membros decidiam o rumo da cidade e dependiam de sua habilidade oratória para convencer os pares. É impressionante como é fácil compreender as disputas políticas retratadas – os grupos e seus interesses diversos não são tão diferentes dos que temos hoje.

Aliás, atualidade é algo que marca toda a HQ. A história trata de eventos decisivos para o surgimento da democracia e de como ela é um processo sempre em desenvolvimento e que, muitas vezes, precisa ser defendido a unhas e dentes quando surgem indivíduos que querem promover o medo e a desunião. Qualquer semelhança com o ano de 2019 não é mera coincidência.

O estilo da arte é maravilhoso, cheio de cor e impactante, com belas páginas amplas mostrando batalhas, assim como enquadramentos íntimos e o uso de estratégias narrativas que brincam com sonho e delírios, em especial quando Leandro está se comunicando com os deuses. Falando neles, sua presença dá à obra um toque de fantasia de que eu gostei muito, e que não tira nada da precisão histórica. Os autores fizeram uma pesquisa extensiva, tentando ao máximo conciliar os muitos relatos conflitantes (tanto antigos como contemporâneos) sobre os personagens e eventos retratados.

Para quem já se interessa pelo período histórico é um prato cheio, mas mesmo para quem não conhece muito a respeito, é uma história envolvente e relevante, além de estética e narrativamente muito bem-feita. Como diz um dos ouvintes de Leandro em certo momento, “É no jeito de contar que a história ganha vida”, e Democracia com certeza dá vida nova a eventos tão remotos.

*

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Democracia
História: Alecos Papadatos & Abraham Kawa
Roteiro: Abraham Kawa
Cores: Annie di Donna
Tradutor: Rafael Mantovani
Editora: Martins Fontes
Ano desta edição: 2019
238 páginas

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