Sinopse:
Todo verão, os Sinclair se reúnem em uma ilha particular. Cadence, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat (os quatro “Mentirosos”) são inseparáveis desde pequenos. Durante as férias de seus quinze anos, porém, Cadence sofre um misterioso acidente. Ela passa os próximos dois anos com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muito analgésico – até que finalmente retorna à ilha e tenta entender o que aconteceu.
Fonte: Seguinte
De tempos em tempos aparece um livro que me deixa boquiaberta, com palpitações e muita vontade de abraçar o autor e agradecer por aquela obra. Mentirosos causou esse efeito e mais: nas palavras da protagonista, me fez derreter e escorrer pelo chão.
O livro é narrado por Cadence Sinclair Eastman, herdeira de uma tradicional e outrora riquíssima família norte-americana que passa todos os verões em uma ilha particular chamada Beechwood. Nas “férias dos quinze [anos]”, Cadence sofre um acidente. Ela só volta para a ilha dois anos depois, e passa o verão tentando recuperar suas memórias relacionadas ao acidente, sobre o qual sua família se recusa a falar.
Cadence é uma personagem cativante. Ela expõe ao leitor todos os dramas de sua família – que no início são resumidos à autoimposição de serem perfeitos. Sua mãe repete frequentemente o mantra “aja como uma pessoa normal”. Essa vida com base em aparências força Cady a reprimir todas as suas angústias e defeitos – que ela expressa em sua narrativa cheia de metáforas fortes e dramáticas, e às vezes até versificações de seu texto. Ao mesmo tempo, tem uma lucidez incomum em personagens da sua idade, e é fácil se identificar com seus sentimentos.
O clima da história é ao mesmo tempo idílico e misterioso. É muito interessante acompanhar Cadence enquanto ela nos ambienta em sua deliciosa ilha de verão e nas histórias de sua família, ao mesmo tempo em que tenta encaixar as peças de seu passado e entender o que lhe aconteceu. Ela faz isso em meio a releituras de contos de fadas e alusões a obras clássicas de Shakespeare e Emily Brontë.
A narrativa leve e envolvente proporciona uma leitura bem rápida, o que torna o mistério ainda mais delicioso de desvendar, embora, para o leitor, seja tão impossível largar a leitura quanto deduzir sozinho o que aconteceu com Cadence – espere por revelações bombásticas e fortes emoções, em um final surpreendente que dificultará a vida de todos os blogueiros que, como eu, tentarem explicar esta obra sem dar spoilers.
Além de tudo, Mentirosos é profundo e emocionante. A obra vai agradar fãs de YA mais filosóficos, e pode ser comparada a Quem é você, Alasca?, de John Green, com a vantagem de ter personagens mais verossímeis e encantadores (nenhuma manic pixie dreamgirl!). Cadie é apaixonada pelo grupo de amigos que dá título à obra, sentimento transmitido ao leitor desde suas lindas descrições:
Johnny é estalo, iniciativa e sarcasmo.
Mirren é açúcar, curiosidade e chuva.
Gat é contemplação e entusiasmo. Ambição e café forte.
Aliás, um dos trunfos da autora é o uso da linguagem. Todas as descrições e os diálogos são poéticos e ambientam perfeitamente o leitor à atmosfera de sonhos e confusão que envolve Cadie enquanto ela recupera gradualmente suas lembranças. A escrita de Lockhart é genial.
Depois da enxurrada de poesia e filosofia e de uma história tão bem contada, me faltam palavras para definir essa obra. Só me resta então fazer a forte recomendação: leiam!
*
Clique aqui para comprar esse livro na Amazon.com.br!
Mentirosos
Autora: E. Lockhart
Tradutora: Flávia Souto Maior
Editora: Seguinte
Ano de publicação: 2014
272 páginas
Prova antecipada cedida para resenha pela editora Seguinte.
Citações favoritas:
– Na metade do tempo eu me odeio por todas as coisas que fiz – diz Gat. – Mas o que me deixa mesmo confuso é a contradição: quando não estou me odiando, me sinto íntegro, uma vítima, como se o mundo fosse muito injusto.
*
Ele era uma pessoa incapaz de forçar um sorriso, mas sorria com frequência. Envolvia meus pulsos em gaze branca e acreditava que feridas precisavam de atenção. Escrevia nas mãos e perguntava em que eu estava pensando. Sua mente era inquieta, inquieta. Ele não acreditava mais em Deus e ainda assim desejava que Deus o ajudasse.
*
Sempre faça aquilo que teme.
*
Seja um pouco mais gentil do que precisa ser.
Poesia e Filosofia em uma trama? estou dentro, adoro esta vibe e já anotei a dica! Foi uma grata surpresa chegar aqui e achar esta maravilhosa dica!
Beijos Joi Cardoso
Estante Diagonal
Pingback: [Especial] Minhas leituras de 2014 + Planos pra 2015 | Sem Serifa
Pingback: [Tag] 26 books | Sem Serifa