[Resenha] Lizzie Bordello e as piratas do espaço

Sinopse:

Lizzie-Bordello-e-as-Piratas-do-EspaçoElas são piratas. Elas navegam pelo espaço. Precisa explicar mais? Misture porções cavalares de Star TrekDoctor WhoGuia do Mochileiro das Galáxias e outras séries clássicas de ficção científica. Adicione uma (dúzia) de xícaras de café. Deixe a parcela científica da ficção bem duvidosa, acrescente um galão de cultura pop e reduza o orçamento a quase zero. O resultado é Lizzie Bordello e as Piratas do Espaço, um álbum colorido de 80 páginas com histórias completas repletas de ação, mistério, baratas fazendo cosplay de pombo, zumbis surfistas, mulheres de chico e muito mais.

Fonte: Editora Jambô

Esse é um quadrinho nacional do qual ouvi falar muito bem. E quando ele foi mencionado entre lágrimas no Encontro Irradiativo, não pude deixar de comprá-lo por lá – e depois perseguir a autora, Germana Viana, por um autógrafo na ComicCon. E a tonta aqui estava tão atordoada com o evento que esqueceu de tirar foto com ela. Acontece.

Ao quadrinho! A primeira coisa de Lizzie Bordello que preciso mencionar são as personagens, que são apresentadas logo nas primeiras páginas. Como se poderia presumir, Lizzie é a capitã dessa nave espacial mucho loca, que inclui na sua tripulação Deus, Fran e Lambretinha. Nenhuma das personagens é sujeita a estereótipos, o que foi uma lufada de ar fresco para estes olhos feministas. Deus é uma negra gorda que exerce sua sexualidade sem pudores ao longo da história. Fran é uma mulher trans, e isso não é ostentado desnecessariamente na história. Além disso, seu biotipo não é inalcançável para mulheres trans reais – o que por muitas vezes acontece, especialmente quando a ficção escolhe mulheres cis para representá-las. Já Lambretinha é a mina das tecnologias [sic] e a novata na nave, cujos comentários muitas vezes refletem os sentimentos d[esta]o leitor[a].

“Péra… A irmã de Deus se chama Capeta? ‘Cês tão me zuando, né?”

Novinha, Lambretinha A.

O livro é composto por várias histórias curtas e de ritmo acelerado. A linguagem é leve e mais do que coloquial, usando expressões, gírias e grafias que você usaria com seu melhor amigue. Embora o teor de ação seja alto, as relações entre as personagens são palpáveis e a cumplicidade das protagonistas é bem gostosa de acompanhar. E o bom humor da narrativa torna a leitura leve e animadora. Só senti um pouco de falta de desenvolvimento da trama e espero ter a oportunidade de ver essas personagens em ação em uma história mais longa eventualmente.

Viana sabe trabalhar muito bem a linguagem dos quadrinhos, usando configurações diferentes de quadros para dar as ênfases certas à história. E uma coisa que amei: ela não tem medo de extrapolar para a metalinguagem; em vários momentos os quadros dialogam e brincam diretamente com o leitor. O livro é recheado de referências à cultura pop e o traço da autora cria corpos com formas e movimentos críveis. Embora os desenhos não sejam rebuscados, cada traço é expressivo.

Lizzie Bordello é aquela leitura divertida que você precisa para animar uma tarde modorrenta de domingo. Pra quem quer acompanhar as aventuras, pode acessar o site ou o Facebook das piratas. Ah! E há boatos de que vem por aí um volume 2 – com galeria de artistas convidados.

*

Lizzie Bordello e as piratas do espaço
Autora: Germana Viana
Editora: Jambô
Ano de publicação: 2014
80 páginas

Alguns scans pra dar água na boca.

Imagem (404)

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