[Resenha] Céu sem estrelas

ceusemSinopse:

Cecília acabou de completar dezoito anos, mas sua vida está longe de entrar nos trilhos. Depois de perder seu primeiro emprego e de ter uma briga terrível com a mãe, a garota decide ir passar uns tempos na casa da melhor amiga, Iasmin. Lá, se aproxima de Bernardo, o irmão mais velho de Iasmin, e logo os dois começam um relacionamento.

Apesar de estar encantado por Cecília, Bernardo esconde seus próprios traumas e ressentimentos, e terá de descobrir se finalmente está pronto para se comprometer. Cecília, por sua vez, precisará lidar com uma série de inseguranças em relação ao corpo — e com a instabilidade de sua própria mente.

Fonte: Seguinte

Céu sem estrelas é o livro mais recente de Iris Figueiredo, e meu primeiro contato com a obra da autora. A história acompanha um período de alguns meses na vida de Cecília e Bernardo: ela, logo que completa 18 anos, se vê desempregada, no primeiro ano de faculdade e expulsa de casa; ele é um universitário que se vê repensando o que quer para o futuro e, principalmente, a falta de relacionamentos próximos em sua vida. A conexão entre os dois é Iasmin: irmã de Bernardo e melhor amiga de Cecília. Quando briga com a mãe, Cecília vai passar um tempo na casa da amiga, e ela e Bernardo se aproximam muito.

A primeira coisa a dizer é que a principal temática do livro é doença mental. E aqui vale um aviso de gatilho: depressão, ansiedade, ataques de pânico e autoflagelação são explorados ao longo da obra (com descrições explícitas destes dois últimos), à medida que uma série de abalos emocionais vai fazendo Cecília entrar numa espiral destrutiva.

Esses são temas caros a livros Young Adult e com bom motivo: a adolescência e início da idade adulta, com todas as suas pressões e ansiedades, é uma época na qual ficamos suscetíveis a esses problemas, sobre os quais ainda impera a falta de compreensão (e empatia). Nesse sentido, Céu sem estrelas retrata a questão de um modo difícil e pesado, mas muito sensível e realista.

Há uma série de pontos de tensão na vida de Cecília. Ela tem problemas de autoestima devido ao fato de ser gorda, e sofre um enorme medo de abandono, pois o pai deixou a família e Cecília sente que a mãe não gosta de tê-la por perto. Nesse cenário complicado, em que a mãe demonstra negligência e imaturidade e ainda fica do lado do padrasto de Cecília em vez de apoiar a filha, só a vó é uma força com a qual ela pode contar. Acrescente a isso a tia chata dos almoços de domingo com comentários gordofóbicos, então, e a situação familiar é bem complicada.

A narrativa é feita em primeira pessoa, com capítulos de Cecília e Bernardo intercalados. Isso não só é uma escolha bacana porque nos dá uma visão do relacionamento de ambos os lados e nos deixa ver como a comunicação às vezes é falha, mas também, mais para o final do livro, cria uma enorme tensão. Enquanto os capítulos de Cecília são mais intensos, apreciei ver os dilemas de Bernardo – e achei um toque muito bom apontar sua falta de amigos, e a falta de comunicação mais profunda entre garotos e homens, de forma geral. Ele também tem problemas com a família, e esses problemas não são desprezados só porque os de Cecília são mais evidentes.

O romance entre os dois protagonistas é muito bonito. Há troca de livros (se não for pra trocar livros nem namorem, gente), conversas sinceras, e afeto verdadeiro entre os dois. Pessoas cometem erros e eles têm consequências. E, mais importante, o namoro não resolve os problemas psicológicos de Cecília (muito pelo contrário!).

Por fim, vale destacar as amizades de Cecília, garotas que povoam sua vida e lhe dão força, e cujos dilemas pessoais tocam a trama e lhe dão uma profundidade extra. Inclusive, minha única crítica grande ao livro é o fato de uma delas estar passando por uma situação bem problemática que não chega a ser discutida abertamente porque os protagonistas estão mais focados em si mesmos, embora reconheçam que há um problema.

De toda forma, devorei o livro em duas sessões de leitura. É um retrato bem sensível e delicado e que trata de uma questão muito importante. Fico feliz por um livro desses existir para os adolescentes de hoje: até pouco tempo atrás, obras que falavam tão explicitamente de problemas mentais eram escassas. Quem sofre dessas doenças com certeza vai se identificar com a história de Cecília, e para todos os outros é um belo exercício de empatia.

*

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Céu sem estrelas
Autora: Iris Figueiredo
Editora: Seguinte
Ano de publicação: 2018
360 páginas

Livro cedido em parceria com a Seguinte.

4 respostas em “[Resenha] Céu sem estrelas

  1. Pingback: [Especial] Livros favoritos de 2018 + lista de leituras do ano | Sem Serifa

  2. Li o livro,é sinceramente ,excelente! O livro é lindo. Quando vc começa a ler não consegue mais parar.
    O livro te prende de uma forma incrível.
    A forma com que a autora escreve/relata sobre a vida de Cecília é incrível,faz com que eu sinta cada dor que a personagem sente,me sinto ali presente naquela história.
    O livro é realmente incrível,se tornou um dos meus livros favoritos.

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