Sinopse:

A escritora e ilustradora Cressida Cowell deixa os vikings de lado para uma nova trilogia, sobre os antigos tempos em que havia feiticeiros, bruxas, guerreiros… e magia. No tempo dos feiticeiros mostra a guerra entre duas tribos: os feiticeiros, que eram mágicos, e os guerreiros, que não eram. Esta é a história de Xar, um menino feiticeiro cujos poderes ainda não despertaram, e de Desejo, uma menina guerreira cujo maior sonho é ser reconhecida pela mãe. Xar e Desejo foram ensinados a odiar um ao outro, mas terão que superar as diferenças e enfrentar um mal que pode destruir seus lares. Repleto de ilustrações divertidas, ação, humor e reflexões, No tempo dos feiticeiros segue à risca a receita de sucesso de Como treinar o seu dragão e promete encantar os leitores.

Fonte: Intrínseca

Eu sou absolutamente apaixonada pelos filmes de Como treinar o seu dragão e só não tenho um gato chamado Banguela porque me vetaram. A estreia do terceiro filme da série me fez lembrar que ainda não tinha postado a resenha de No tempo dos feiticeiros, da mesma autora da série de livros da franquia.

Como treinar o seu gatão

O protagonismo é dividido por duas personagens: o feiticeiro Xar (e o próprio livro nos avisa que se pronuncia Zar) e Desejo, uma guerreira. Ambos são filhos dos líderes de suas respectivas tribos, e ambos decepcionam os pais por não atenderem às expectativas deles.

Os feiticeiros odeiam os guerreiros, que chegaram ao bosque trazendo devastação e ferro, que bloqueia sua magia. Os guerreiros também detestam os feiticeiros, porque atrapalham seu progresso. Ambas tribos contam histórias sobre as temíveis bruxas, que felizmente estão extintas.

Ou será que não? Xar discorda veementemente e está decidido a roubar a magia de uma bruxa, já que a sua ainda não se manifestou, mesmo ele já tendo idade mais que suficiente para isso. Então ele arrasta o seu séquito pessoal de criaturas para o bosque, em busca de uma bruxa para capturar. Seus elfos, gatos gigantes e acompanhantes já estão acostumados com a megalomania impetuosa de Xar. O que o garoto encontra nessa excursão é bem melhor que uma bruxa: uma princesa guerreira com uma colher de estimação e um guarda-costas que desmaia quando sente medo.

Pode parecer que o diferencial dessa história é mostrar as personagens femininas como líderes dos guerreiros e masculinas como feiticeiros. Mas esse livro excedeu minhas expectativas ao abordar de maneira muito sensível as dificuldades de obter a aprovação dos nossos pais e de nossos lares – e como nem sempre o que eles querem é o melhor para nós. Também aborda muito bem o respeito pelas diferenças e como elas ajudam a resolver problemas em comum; nos lembra que nossas particularidades, mesmo que nos deixem esquisitinhos, são a nossa maior força. Um bônus grato foi perceber, mesmo sem o termo explícito, que a princesa tem dislexia!

Não posso deixar de divagar um pouco sobre meu personagem favorito do livro: Calíbano, o corvo falante de Xar (que me lembra intensamente Zazu de O rei leão), tenta dissuadi-lo de sua empreitada na floresta, lembrando ao menino os limites impostos pelo pai. Seu nome (especialmente no original, Caliburn) é similar ao de Calibã, de A tempestade (Shakespeare). E o paralelo se mantém, pois o personagem de Shakespeare ensina Próspero a sobreviver na ilha em que foi exilado – sem ser muito respeitado depois.

A edição tem ilustrações muito fofas que deixam a leitura bem gostosa. A única coisa que me incomodou é que o texto não está justificado nas páginas sem ilustra, mas mesmo assim as leitura passou voando e me deixou curiosa por mais!

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No tempo dos feiticeiros
Autor: Cressida Cowell
Tradutora: Marina Vargas
Editora: Intrínseca
Ano desta edição: 2018
400 páginas

Livro cedido em parceria com a Intrínseca

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Citação favorita

Eu sou um personagem desta história… que tudo vê e tudo sabe. Não vou confiar quem sou, veja se consegue adivinhar. A história começa aqui. (Não se perca. Estes bosques são perigosos.)