[Entrevista] Timothy Zahn

timothy

Eu não pretendia ir na Comic Con Experience este ano, mas acabei ganhando o ingresso (OBG, ALEPH, OBG, DEUS) e a incrível missão de entrevistar um dos autores mais aclamados do Universo Expandido de Star Wars. Para quem não conhece, Timothy Zahn é o autor da Trilogia Thrawn, que cativou milhares de fãs da saga, criando personagens únicos e instigantes.

Zahn tem formação em Física e, antes de ganhar o prestígio por ser um autor de Star Wars, recebeu um prêmio Hugo – o mais importante dentro da literatura especulativa – pelo romance Cascade Point, que é uma ficção científica (com uma personagem feminina na capa :D). Acrescento ao longo e impressionante currículo desse homem o fato de ele ser a gentileza em pessoa.

Fui ao evento com o meu cosplay de TARDIS e uma caneta para tecido no bolso, na vã esperança de esbarrar casualmente com o Tennant (Décimo Doutor de Doctor Who) pelo evento. Mas o que aconteceu foi tão legal quanto. Assim que entrei na sala designada para a entrevista, Zahn abriu sua pasta e tirou uma sonic screwdriver. Claro que saquei a minha e comparamos os tamanhos (e a minha era maior \o/).

[Extra: sabem quem mais é muito whovian? Chris Taylor, autor de Como Star Wars conquistou o universo]

Dentre os que estavam esperando para entrevistá-lo, fiquei como a última. Mas isso teve uma inegável vantagem: acabei indo parar nos camarins com Zahn e sua igualmente simpática esposa. O ambiente mais silencioso contribuiu para a entrevista, apesar do meu nervosismo. E mesmo após uma longa sessão de autógrafos que seria seguida de outra, ele foi solícito nas respostas e sorriu o tempo todo.

As perguntas foram elaboradas pela equipe do blog e enunciadas num inglês nervoso, e as respostas foram traduzidas aqui por mim.

Você criou uma das personagens femininas mais poderosas não apenas do Universo Expandido, mas de toda a saga Star Wars, que é a Mara Jade. Como você se sente em relação à representatividade de minorias que estamos vendo nas divulgações do novo filme?

Eu aprecio o fato de haver mais diversidade nos filmes de Star Wars, e ver heróis e heroínas de vários tamanhos, cores, formas e backgrounds. Fico feliz em ver que isso inclui alguns dos personagens principais. Gosto de ver mulheres fortes, gosto que haja um negro. Acho bom, só espero que sejam bons personagens. Não quero que tenha uma mulher porque “queremos uma mulher”. Eu quero um bom personagem. Eu quero um personagem completo, com uma boa trajetória, alguém que cresça e faça diferença na história. Não quero que esteja lá apenas porque “queremos uma mulher”. Isso não é bom para ninguém.

Um dos traços mais interessantes do grão-almirante Thrawn é sua impressionante habilidade de aprender sobre seus oponentes com base na arte produzida por cada cultura. Como surgiu essa ideia?

Eu bem que queria lembrar. Foi algo que surgiu enquanto eu estava trabalhando nas linhas gerais, simplesmente brotou na minha mente. A ideia geral era que fosse algo como um Jedi com o uso da Força, que “não Jedis” não entendem como funciona. Da mesma forma, ninguém realmente compreende como funciona a habilidade de Thrawn de ver uma cultura através de sua arte. Mas funciona bem pra ele e para ninguém mais. Foi só uma ideia pequena precisa que apareceu e eu não me lembro bem como ela se desenvolveu. Acho que ela surgiu na minha cabeça enquanto eu trabalhava no personagem.

Se a Trilogia Thrawn fosse adaptada para o cinema, que ator você gostaria que interpretasse o grão-almirante Thrawn? E a Mara Jade?

O problema pra mim é que não vejo os personagens em termos de rosto. Eu os vejo mais como personalidade e atitude e como eles reagiriam a uma situação. O importante seria que a atriz pegasse o espírito de Mara Jade enquanto personagem, então qualquer atriz que consiguisse fazer isso poderia interpretá-la. Eu não tenho um bom tino para dizer se esse ou aquele ator é bom para interpretar um personagem.

Um fato indiscutível sobre a trilogia Thrawn é que, ao ler esses livros, é possível se sentir dentro do universo de Star Wars – o leitor até é capaz de escutar a trilha sonora de John Williams tocando no fundo. Você já teve esse sentimento lendo algum outro livro – seja de Star Wars ou de outro universo expandido?

Eu li apenas alguns dos outros livros. Mas escrever ficção científica é um talento e escrever Star Wars é um talento, e eles não são necessariamente o mesmo. Você pode escrever uma ótima ficção científica, mas não escrever uma boa ficção para Star Wars. Você pode escrever uma boa ficção de Star Wars, mas não uma de Star Trek. A questão é capturar a sensação do universo. Por acaso eu tenho a habilidade de entender como funciona o universo de Star Wars. Para mim é fácil sentir Star Wars e como uma história se encaixaria no universo.

Como é o seu processo criativo ao escrever contos para o Universo Expandido de Star Wars? A restrição do tamanho do texto dificulta a ambientação do leitor dentro do universo da saga?

Não muito. Escrevi por volta de 90 contos de Star Wars e, novamente, é sobre captar a sensação do universo, sua aparência, seu funcionamento, e como os personagens se comportam. Escrevi histórias sobre Thrawn, Mara Jade, Lando Calrissian e Luke… É mais sobre transportar minha mente para aquele conjunto de referências.

Um dos livros que resenhamos para nossa Semana Star Wars é Como Star Wars conquistou o universo, que fala muito sobre fãs e a relação particular de cada um com a série. E quanto a você, como surgiu o seu interesse por Star Wars? Como você foi apresentado à saga?

Eu fui ver Uma nova esperança na noite seguinte à estreia – não pude ir na primeira noite por estar trabalhando no meu doutorado [fui pesquisar e é em física, mas parece que ele nunca completou!]. Eu assisti o letreiro inicial passar e logo em seguida a nave da princesa Leia veio, com o destróier a perseguindo. E ele continuou vindo. E continuou vindo. E foi a primeira vez em que eu tive a sensação de que havia algo realmente grande na tela, que eu sentia que realmente via algo assim. E na hora em que ele terminou de passar pela tela eu soube que ia gostar desse filme. Então eu sou um fã desde mais ou menos os primeiros 20 segundos do filme.

Eu gostei bastante das respostas que ele deu, e ainda fui agraciada com uma história extra sobre uma convenção de Doctor Who, que a esposa dele ajudou a contar e que resultou no invejável botton com os dizeres “Zahn Fahn”. Quase derreti.

O que vocês gostariam de perguntar para um autor em uma oportunidade como essa?

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2 respostas em “[Entrevista] Timothy Zahn

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