Sinopse:
Neste novo livro do cânone oficial, que se passa entre os episódios IV e V, mesmo estando longe de dominar completamente a Força, Luke Skywalker é peça fundamental nas estratégias da Aliança Rebelde, sendo usado como soldado, piloto e espião ao ser enviado para uma importante missão: resgatar das mãos do Império uma brilhante criptógrafa alienígena, conhecida por sua habilidade de decifrar até mesmo os sistemas de comunicação mais complicados. Ao lado de R2-D2 e da exímia franco-atiradora Nakari Kelen, que tem muitos motivos para odiar o Império, Luke terá que mostrar toda sua habilidade para fugir de agentes imperiais, caçadores de recompensa e poderosas naves de combate. E, dessa vez, sem a presença de Obi-Wan para ajudá-lo.
Fonte: Livraria Cultura
Já se perguntou o que Luke Skywalker andou fazendo depois de explodir a Estrela da Morte e antes de ser visto passeando de tauntaun em Hoth? É isso que conta este livro, que se passa entre os episódios IV e V e pode ser apreciado tanto por fãs ferrenhos como por quem conhece pouco de Star Wars.
O livro conta algumas aventuras de Luke, sendo a maior delas o resgate de uma criptógrafa alienígena muito fodona, uma Givin chamada Drusil, que era forçada a trabalhar para o Império, mas que oferece seus serviços aos rebeldes em troca de segurança para si e para a família. Para acompanhá-lo na missão, Luke leva R2-D2 (<3) e uma nova recruta da Aliança, uma humana chamada Nakari Kelen. Apesar de ser filha de um homem muito rico, Nakari é uma mulher independente e envolvida na causa rebelde (ela tem motivos pessoais para odiar o Império).
Herdeiro do Jedi é um livro de Star Wars para quem não leva Star Wars tão a sério. O motivo? Luke faz muitas coisas absurdas, que fazem a obra contrastar muito com outros títulos do Universo Expandido, sempre tão sóbrios. Alguns exemplos da zoeira de Luke nesse livro:
- Conta para todo mundo que é um Jedi. Sério. Ele sempre hesita por meio segundo e depois pensa “acho que posso confiar nesta pessoa que acabei de conhecer, ela nem vai me denunciar pro Império”. Acho que a intenção do autor era que o personagem parecesse ter uma boa intuição, talvez baseada na Força. Mas acabou ficando parecido com o Hagrid dos filmes de Harry Potter, sempre repetindo “Eu não devia ter dito isso”.
- Saqueia o túmulo de um Jedi. Sim, é isso mesmo que você leu.
- Pratica a Força tentando levitar fios de macarrão. Não vou nem comentar.
- Chora copiosamente na frente de R2, porque “R2 não me julgaria”.
Dito isso, fica claro que o livro é no mínimo divertido. A narrativa também é bem leve – feita em primeira pessoa pelo próprio Luke, ela não enche o leitor de detalhes técnicos sobre batalhas espaciais. Pelo contrário: apesar de ter bastante ação e aventura, a obra é bem focada nas relações entre os personagens, o que torna a leitura mais fácil.
Algo que me chamou a atenção foi a quantidade de planetas pelos quais os personagens passam e raças alienígenas com as quais lidam. Eu sempre me perguntei por que há tão poucos alienígenas na trilogia original – à exceção da cena da Cantina – e tantas variedades na trilogia prólogo (a resposta, sabemos, está na evolução da computação gráfica). Nesta obra, vemos muitos alienígenas diferentes, o que preenche um buraco em relação à participação dessas raças na rebelião.
E outras lacunas são preenchidas pela obra, que é parte do novo cânone de Star Wars. Ela mostra experiências importantes para o desenvolvimento de Luke entre os filmes e, embora muitas vezes ele soe infantil e sentimental demais, dá pra pegar o espírito e a importância da história.
Por tudo isso, Herdeiro do Jedi é uma história leve e agradável de ler, com ação na medida certa e várias referências legais de Star Wars. Recomendo para quem quer ler uma história legal do Universo Expandido mas não pira em tramas sombrias e cheias de estratégia militar, ou para quem quer saber como anda a representação feminina nos livros da saga. Aqui vai um comentário mais extenso sobre esse aspecto!
A representação feminina em Herdeiro do Jedi (inclui SPOILERS pequenos)
Vamos dar um ponto para o autor: Herdeiro do Jedi é composto quase exclusivamente de personagens femininas. Muitas delas são personagens secundários: mensageiros, vendedores e agentes secretos, todos são mulheres. Isso é um feito no que diz respeito a representatividade, se você levar em conta que esses personagens menores geralmente são homens – afinal, por que inserir uma mulher se você não vai usá-la para tratar de “questões femininas”, né?
É difícil dizer se a obra passaria num teste de Bechdel porque ela é narrada por Luke, portanto só vemos os diálogos que ele presencia ou dos quais participa. E talvez justamente o fato de estarmos vendo o ponto de vista dele justifique o aspecto que mais me incomodou na obra: sua principal personagem feminina, Nakari, é muitas vezes inocente demais.
Luke, como já coloquei, é bem bobinho nesse livro, e esse talvez seja esse o motivo pelo qual ele não retrata malícia ou esperteza em algumas das falas mais bem colocadas de Nakari. É verdade que, embora não tenha a profundidade da Mara Jade (um dos melhores exemplos de representação feminina no Universo Expandido da série), a moça é fodástica. Prática, habilidosa e extremamente dedicada, em mais de um momento Nakari salva seus companheiros de missão. Mas os trechos que desenvolvem seu romance com Luke soam juvenis demais e parecem destoar da personagem.
O mais grave são as ceninhas de ciúmes. Tanto Nakari como Leia (que aparece pouco nesta obra) têm conversas particulares com Luke nas quais declaram não gostar da outra, numa rivalidade mal disfarçada. O Império matou a mãe de Nakari e destruiu o planeta de Leia, e elas arrumam tempo para brigar por Luke? Não fiquei convencida.
Por outro lado, amei Drusil Bephorin. Vamos começar com o fato de que a moça é uma criptógrafa muito boa (a ponto de tanto o Império como a Aliança Rebelde se esforçarem para tê-la trabalhando para si). E sua personalidade é cativante. Talvez justamente por ser alienígena e não entender plenamente como os humanos se comportam e se comunicam, ela parece se manter imune às bobeiras de Luke, e tem sempre ótimas observações e conselhos para dar. Além disso, ela está lutando pela galáxia ao mesmo tempo em que protege a própria família (uma temática que tem sido recorrente no Universo Expandido), e suas negociações sempre exigem a segurança de seu marido e filhos. Um exemplo incrível de mulher forte. ❤
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Herdeiro do Jedi
Autor: Kevin Hearne
Tradutor: Caio Pereira
Editora: Aleph
Ano desta edição: 2016
320 páginas
Citações favoritas
Tecnologia é sempre perfeitamente confiável, até o momento em que não é.
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“Como você bem sabe, ao contrário da cinética, do tempo ou da distância, a idiotice humana é incalculável.”
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Entrando nos aposentos, passei meus braços ao redor de R2 e disse que ele era o melhor droide da galáxia, mas que ele não poderia dizer a 3PO que eu disse isso.
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Viajar pela galáxia seria perfeitamente agradável se não fosse o Império tentando nos matar.
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“Perder tempo com algo que vai morrer nos primeiros segundos – quero dizer o plano – é uma perda de tempo.” Quando eu disse que isso era uma lógica circular, ele me disse para parar de fazê-lo perder tempo. “Exploda tudo e use uma nave rápida. E leve um Wookiee. Pra mim, funciona.”
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Obrigado pela resenha, estava querendo comprar o livro, agora será compra certa!
terminei de ler o livro agora…na minha opniao foi o livro mais fraco e tosco que já li do novo cânone…Não acontece nada de relevante e tem um total totalmente anti clímax. Não perca seu tempo lendo isso. me decepcionou demais