Sinopse:
Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte. Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar.
Fonte: Livraria Cultura
Simon está no 2º ano do Ensino Médio e sua vida é bem razoável: tem amigos próximos, pais compreensivos, duas irmãs com quem se dá bem e, recentemente, começou a se comunicar com um garoto da sua escola sobre o fato de ambos estarem no armário. O garoto usa o codinome “Blue”, e os dois não sabem quem o outro é – mas isso não impede Simon de se apaixonar por ele. O problema, que surge logo na primeira página do livro, é quando outro menino da escola lê um desses e-mails e começa a chantagear o protagonista em troca de ajuda para ficar com uma amiga de Simon.
O mistério de “quem é Blue?” já fisga o leitor desde a primeira página, e à medida que você vai conhecendo Simon e as pessoas ao redor dele é extremamente difícil largar o livro (de fato, eu não fiz isso – li a obra em uma sentada). Achei inclusive que tinha descoberto o segredo relativamente cedo, mas a autora me surpreendeu fugindo de uma guinada talvez mais óbvia e privilegiando uma surpresa menos chocante, mas que rendeu uma conclusão bem mais fofa.
Simon narra a história em primeira pessoa, e ela é intercalada por alguns e-mails trocados entre ele e Blue. Adorei o protagonista, que é um garoto extremamente normal, sem grandes dramas, e para quem mesmo o fato de estar no armário não é uma questão tão grande. Claro que é uma parte importante da sua identidade e ele tem certo receio de se assumir num estado do Sul dos Estados Unidos, mas a autora foge de clichês e ele não teme a reação da família porque esta é religiosa ou particularmente preconceituosa, por exemplo, e sim porque tudo vira um “acontecimento” para os pais. Também cai na chantagem porque morre de medo de que o cauteloso Blue pare de falar com ele se a escola souber dos e-mails. Achei a construção do personagem muito verossímil.
Todos os personagens, aliás, são muito bem desenvolvidos. Em especial, os amigos de Simon – Nick, Leah e Abby – e as irmãs dele têm todos personalidades bem distintas e subtramas próprias, que se entrelaçam com a trama principal e culminam com algum tipo de evolução para cada um. A coisa é feita tão bem que até um triângulo amoroso entre os amigos (Leah gosta de Nick que gosta de Abby) é tratado com sensibilidade e não faz o leitor querer se matar. Apesar de Leah morrer de ciúmes de Abby, a coisa não desandou para um ódio entre garotas, e os sentimentos de Leah são compreensíveis e não a tornam uma má pessoa.
Até Martin (o garoto que o está chantageando) passa por um processo de crescimento ao longo do livro. Simon lida não só com a questão da sexualidade e o relacionamento com Blue, mas também passa por alguns dilemas nas relações com os amigos – e com os pais, que apesar de serem super “modernos” nem sempre sabem se comunicar com o filho adolescente. (Um tema que, por acaso, eu também abordei num outro lugar aí.)
A história se lê um pouco como um filme americano, porque tem todos aqueles típicos elementos do high school: líderes de torcida, futebol americano, aula de teatro, adolescentes de 17 anos guiando carros por aí. Também há uma série de referências à cultura pop – desde música até fanfiction de Harry Potter (!) – que tornam o livro bem contemporâneo e fazem os personagens realmente parecer pessoas reais.
O desenvolvimento do romance principal é fofíssimo – sério, no final eu estava dando exclamações nada respeitáveis com a revelação. A obra foi uma surpresa deliciosa e não tenho contra-indicações: se você curte YA, romances e/ou temáticas LGBT, com certeza vai amar.
*
Simon vs. a agenda homo sapiens
Autora: Becky Albertalli
Tradutora: Regiane Winarski
Editora: Intrínseca
Ano desta edição: 2016
272 páginas
Livro cedido em parceria com a Intrínseca.
Citações preferidas
Acho que nunca me considerei interessante até me tornar interessante para Blue.
*
E essa coisa gay. Parece tão importante. É quase intransponível. Não sei como contar uma coisa assim para eles e continuar me sentindo o mesmo Simon. Porque, se Leah e Nick não me reconhecerem, eu também não vou mais me reconhecer.
*
As pessoas perdem a dignidade quando o assunto é bolo.
*
Sei lá. Estou de saco cheio de gente hétero que não consegue resolver as próprias merdas.
Esse livro foi tão bem indicado que já está na minha TBR desse mês, não vejo a hora!
Leia mesmo, Carol! Obrigada pela visita 😀
Vi este livro na livraria e não gostei da capa, vi de longe e imaginei um tema totalmente diferente. É por isso que gosto de blogs literários, cheguei aqui, li a resenha e fiquei super interessada. É muito legal a premissa. Abraço!
Oi, Maria! Que bom que a resenha te deixou interessada. Se ler, me fala o que achou! Abraços!
Quero ler! Quero ler!
Leeeeia, vc vai adorar! 😀
Pingback: [Especial] Livros favoritos de 2016 | Sem Serifa
Pingback: Literatura LGBTQ | Ancoragem
Pingback: [Lista] Livros YA com temas importantíssimos | Sem Serifa