A coletânea Young adult Aconteceu naquele verão, organizada por Stephanie Perkins, traz doze contos gostosos e muito bem escritos, entre os quais se destacou o de Lev Grossman.
“O mapa das coisas perfeitas” é narrado por Mark, um adolescente que, sem motivo aparente, se vê preso num loop temporal, no dia 4 de agosto. Exatamente como nos filmes Feitiço do tempo e No limite do amanhã.
“A corrente havia se soltado da roda cósmica. O grande iTunes dos céus estava travado no Repeat.”
Além de assistir a esses filmes algumas vezes, o protagonista usa todo esse tempo livre como eu e você faríamos: às vezes vai à piscina, mas, na maior parte do tempo, frequenta a biblioteca da cidade, onde tem como objetivo devorar toda a seção de fantasia e ficção científica (seria o sonho do Sem Serifa?). Se não bastasse isso, Mark diz que poderia, é claro, usar o loop temporal para fazer maluquices por aí ou até cometer crimes, mas não o faz porque está calor demais pra isso. Ou seja, eu me identifiquei com esse personagem por uma série de fatores.
A rotina de leitura de Mark é interrompida quando ele conhece uma garota que, como ele, está consciente do loop temporal: Margaret, uma jovem blasé que não parece se impressionar muito ao encontrá-lo. Juntos, eles filosofam se questionando por que essa esquisitice está acontecendo, e começam a desenvolver um projeto criativo, o Mapa das Coisas Perfeitas, que só pode ser feito por alguém na situação deles.
Essa é uma historinha fofa de verão, ambientada em um cenário de ficção científica leve (vou repetir meu lema, que é: histórias com viagem no tempo – ou, no caso, estagnação no tempo – são melhores que histórias sem viagem no tempo). Mas além disso é um ótimo conto young adult, com uma narrativa leve, divertida e enxuta e que trata não apenas de amor adolescente, mas também de conflitos sérios que todos nós enfrentamos, e traz o questionamento: até quando podemos fugir da realidade e de nossos problemas?
Aconteceu naquele verão tem tantos contos excelentes, que foi bem difícil escolher um favorito, mas fico com esse pela simplicidade e pela forma como a narrativa me prendeu. Mas também recomendo fortemente “Lembranças” e “O fim do amor”. A resenha do livro todo está disponível aqui.
Livro cedido em parceria com a Intrínseca.
Pingback: [Semana Aconteceu naquele verão] Autores | Sem Serifa