Sinopse: Dandara foi uma guerreira negra fundamental para o Quilombo dos Palmares. Bertha Lutz foi a maior representante do movimento sufragista no Brasil. Essas e muitas outras brasileiras impactaram a nossa história e, indiretamente, a nossa vida, mas raramente aparecem nos livros. Este volume, resultado de uma extensa pesquisa, chega para trazer o reconhecimento que elas merecem. Aqui, você vai encontrar perfis de revolucionárias de etnias e regiões variadas, que viveram desde o século XVI até a atualidade, e conhecer os retratos de cada uma delas, feitos por artistas brasileiras. O que todas essas mulheres têm em comum? A força extraordinária para lutar por seus ideais e transformar o Brasil.
Fonte: Editora Seguinte
Demorei para ler esse livro porque ele chamou atenção de todas aqui em casa. Dificilmente essa capa holográfica passaria despercebida, então ele foi lido pela minha mãe, pela minha avó e pela minha prima antes que chegasse a minha vez. As três gostaram bastante da leitura – e eu também.
O livro apresenta um pouco da história de mulheres brasileiras (e algumas “abrasileiradas”) que, por se colocarem publicamente a favor de mudanças ou apenas por viver a vida como queriam, revolucionaram suas respectivas épocas. Junto à história, há também uma ilustração para cada uma delas – e as 9 ilustradoras fizeram um trabalho excelente (support your local girl gang!).

Minha ilustra favorita, da Chiquinha Gonzaga. Quero uma blusa com essa gola e esses punho DJÁ.
Depois de uma apresentação pertinente, o livro começa com a história de Madalena Caramuru: a primeira mulher a ser alfabetizada no país. Apreciei bastante a escolha porque acredito piamente que o acesso à leitura é um marco fundamental de autonomia. Além disso, Madalena foi uma grande defensora dos direitos indígenas e da educação feminina.
Notei que a concentração de personagens entre os séculos XVI e XVIII é relativamente pequena, e sei que isso se deve em parte pela escassez de registros, inclusive sobre algumas que constam no livro, como Dandara. E é o apagamento sistemático de mulheres da História que torna esse livro tão pertinente.
Sua leitura me permitiu saber mais da história de algumas que já conhecia, como Anita Garibaldi e Pagu, e conhecer algumas incríveis das quais nunca tinha ouvido falar como Bertha Lutz (cientista e uma das responsáveis pela conquista do voto feminino) e Dona Ivone Lara (cantora e compositora de samba, que desafiou o ambiente machista musical e cujas músicas são cantadas por grandes vozes até hoje).
Fiquei um pouco frustrada a princípio por achar que as histórias estavam resumidas demais, mas entendi que a proposta do livro era apresentar um apanhado. E gostei bastante que ele permite múltiplas camadas de leitura. Funciona muito bem para alguém que quer apenas uma leitura casual, pois cada história é curtinha, e a obra conta com um glossário para quem desconhecer algum dos termos mencionados. Também possui uma linha do tempo que destaca marcos históricos que impactaram a vida de todas as mulheres do nosso país, além de bibliografia separada por personagem para quem quiser aprofundar seu conhecimento sobre alguma das figuras apresentadas no livro.
É um presente para pessoas de todas as idades, justamente por essa versatilidade – e por ficar ótimo na estante. E em fotos também, tanto como acessório cênico como objeto.

Evidência nº1 (luz refletida na capa gerando efeito holográfico no meu rostinho)
Embora possa ser lido história a história, eu li o livro todo de uma vez e ainda fiquei instigada a pesquisar mais sobre muitas das mulheres. Dê a si a oportunidade de descobrir qual o seu jeito de lê-lo. 😉
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Extraordinárias
Autoras: Duda Porto de Souza e Aryane Cararo
Editora: Seguinte
Ano de publicação: 2018
208 páginas
Livro cedido pela Seguinte.
Citação favorita
Trecho de Direitos das mulheres e injustiça dos homens, de Nísia Floresta
“Os homens, não podendo negar que nós somos criaturas racionais, querem provar-nos sua opinião absurda, e os tratamentos injustos que recebemos, por uma condescendência cega às suas vontades; eu espero, entretanto que as mulheres de bom senso se empenharão em fazer conhecer que elas merecem um melhor tratamento e não se submeterão servilmente a um orgulho tão mal fundado.”