[Autor] Brandon Sanderson

Este post é uma introdução a um dos meus autores preferidos, feito com base nas edições de seus livros em inglês, das editoras Tor Books e Tachyon. 

brandon

Descobri Brandon Sanderson por caminhos tortuosos. Certo dia entrei na Livraria Cultura desesperada, sem um único livro para uma longa viagem de ônibus, e corri à seção de fantasia pegar a primeira coisa que me aparecesse. Encontrei uma capa terrível que me chamou a atenção, talvez porque o título e o autor me fossem vagamente familiares: The Eye of the World, por Robert Jordan. Comprei o livro.

Quando o terminei, descobri que era o primeiro volume de uma série de fantasia épica chamada The Wheel of Time. Épica em todos os sentidos – a série já tinha treze volumes, e o 14º sairia no ano seguinte. Como não sou capaz de gostar de coisas com moderação, passei os próximos três meses febrilmente devorando os outros doze livros (os quais talvez mereçam um post próprio, já que a editora Intrínseca publicou o primeiro em português!). Descobri então que Robert Jordan havia falecido antes de acabar a série e que, para terminá-la, tinham escolhido um tal Brandon Sanderson. Bom, quando terminei o 13º livro e precisava de alguma coisa para preencher o buraco na minha alma até o fim de The Wheel of Time, resolvi investigar os livros de Brandon Sanderson.

Foi aí que encontrei um dos meus autores preferidos. Para minha alegria, descobri que Brandon tinha muitos livros. É impressionante, para quem gosta de autores como George R. R. Martin e Patrick Rothfuss e está acostumado a esperar anos entre uma obra e outra, encontrar um autor que lança um ou dois livros por ano. Livros longos, de fantasia épica. Com sistemas de magia elaborados e originais e finais surpreendentes. E ainda arranja tempo para gravar um podcast excelente sobre escrita de fantasia e ficção científica. (Vale muito a pena ouvir, pra quem curte escrever – e mesmo pra quem gosta de saber mais sobre a construção de literatura.)

Quis fazer este post como uma introdução a Sanderson, que está começando a ser publicado no Brasil (e já era hora!). Resenhar todos os seus livros em detalhes seria um trabalho gigantesco, mas pretendo comentar sobre todos que li, que são de fantasia (em geral, épica).

Trilogia Mistborn

Os primeiros livros de Brandon que li e que cimentaram minha admiração pelo autor. A construção da trama ao longo dos 3 livros é verdadeiramente impressionante; as revelações e plot twists, em especial no volume final da série, são de tirar o fôlego. O sistema de magia (diga-se de passagem, Brandon é conhecido por inovar nesse aspecto) é baseado na ingestão de metais, e a premissa da trilogia já é genial: numa inversão da maior parte das tramas de fantasia, o “Escolhido” teria fracassado em sua missão. Por causa disso, o mundo teria sido dominado pelo vilão, que no início do livro vem mantendo domínio sobre um território de cinzas e escravidão há mil anos.

A heroína de Mistborn é Vin, uma garota de rua que tem um poder raro: conseguir transformar todos os metais em habilidades. Ela se junta com um grupo de ladrões que quer derrubar o sistema – o que, segundo Brandon, foi uma ideia inspirada em Ocean’s Eleven: ele queria escrever sobre um grupo em que cada membro tivesse um poder distinto, trabalhando para atingir um objetivo aparentemente impossível. E acertou. Apesar de a trilogia se passar num mundo opressivo, a dinâmica entre os diferentes membros do grupo contribui pra deixar a leitura mais leve.

Achei Vin uma personagem incrível. Ela é desconfiada e introvertida, o resultado de uma criação abusiva para a qual Brandon não oferece soluções mágicas. Seu desenvolvimento ao longo da trilogia é extremamente gratificante, e seus dilemas nunca parecem forçados. Sem dar muitos spoilers, digo que adorei o romance em Mistborn, justamente por não cair em armadilhas fáceis como o “triângulo amoroso” e afins. Os problemas de Vin baseiam-se em crenças profundamente enraizadas, das quais ela precisa lutar para se libertar.

Ao longo da série, Brandon expande tanto o sistema de magia como os pontos de vista (PDV) narrativos, de modo extremamente hábil. Isso sempre é perigoso, pois muitos leitores provavelmente querem se manter junto à sua personagem preferida e podem se irritar com a mudança de PDV (quem lê GOT sabe!). Foi o que aconteceu comigo: um dos PDV não me agradou muito, pelo fato de a personagem em questão estar sofrendo uma crise em sua vida pessoal, o que torna seus capítulos extremamente pesados e introspectivos. Mas, como isso ocorre só mais tarde na série, duvido que alguém largue o livro por um segundo mesmo assim.

Além disso, não faltam cenas de ação – as quais garanto que são diferentes de quaisquer outras que vocês já leram, graças à natureza da magia. Se forem pegar algo de Sanderson, recomendo fortemente começar por essa trilogia!

The Alloy of Law

Este livro se passa no mesmo mundo que Mistborn, 300 anos depois da trilogia. Tem um clima western, meio steampunk, que achei fenomenal por mostrar algo raramente visto em fantasia: a evolução de um mundo. Pra não revelar muito, digo simplesmente que, após a trilogia Mistborn, as circunstâncias mudam completamente naquele mundo, e seus habitantes têm a oportunidade de evoluir em termos de tecnologia.

Demorei pra ler The Alloy of Law devido à minha “ressaca” de Mistborn. Não queria nem pensar em entrar nesse mundo de novo, numa época em que minhas personagens preferidas estariam mortas. No entanto, quando peguei o livro, imediatamente fui envolvida na história. Para minha surpresa, se tornou um dos meus livros preferidos dele.

O herói é Waxilium Ladrian, um nobre que passou 20 anos nas perigosas “terras das fronteiras” e que é forçado a voltar para a alta sociedade – onde descobre tramas ainda mais perigosas. Ele é acompanhado por seu sidekick Wayne e por Marasi, uma estudante nobre, fã dos “justiceiros”, que os acompanha na investigação de um crime ao longo do livro.

Wayne e Marasi têm poderes opostos: ambos criam “bolhas de tempo”, mas ela faz o tempo demorar, e ele, acelerar (o que cria cenas de ação incríveis!). Marasi não é uma personagem tão obviamente forte e impactante quanto Vin, mas gostei muito dela: de seu interesse em crime nada apropriado para uma garota nobre e da sua coragem. As interações entre os três (em especial Wax e Wayne, que são velhos amigos e demonstram essa intimidade a todo momento) conduzem o livro e tornam a leitura bem mais leve que Mistborn, e extremamente divertida.

Não é preciso ter lido Mistborn para entender The Alloy of Law, mas eu recomendaria. As menções a personagens da trilogia são momentos de reconhecimento que parecem uma “piscadinha” do autor para os leitores. Essas referências são muito interessantes por fazer o leitor pensar em como o tempo pode alterar os fatos, como a realidade (a que conhecemos de Mistborn) pode ser deturpada, após ser contada, recontada e adaptada pelas pessoas, por razões diversas.

O melhor de tudo: Brandon prometeu outro livro nesse mundo!

Elantris

É o primeiro livro publicado de Sanderson e também é o de que menos gosto. Não que não seja bom – a trama é bastante original. Elantris, no reino de Arelon, é uma cidade que já foi “abençoada”: para lá iam habitantes de Arelon que recebiam poderes divinos aleatoriamente. Em algum momento, porém, essa benção se tornou uma maldição, e as pessoas escolhidas começaram a ser acometidas por uma doença que as tornam o que só pode ser descrito como zumbis. Agora elas são isoladas na cidade de Elantris, que se transforma num pesadelo, um local desordenado em que indivíduos ficam loucos e cometem atrocidades.

Elantris é contada a partir de três PDV, numa estrutura rígida e consecutiva: o de Raoden, príncipe de Arelon, amaldiçoado e jogado em Elantris pelo próprio pai; o de Sarene, a noiva prometida de Raoden que, quando chega a Arelon, descobre que ele está “morto”; e o de Hrathen, um missionário enviado a Arelon para converter seu povo à religião Derethi.

O problema é claro: em Mistborn, o leitor já está tão envolvido com a história que a mudança de PDV não desanima, mas em Elantris há grandes chances de não gostar de um (ou mais) dos PDV, e ter que “superá-los” para prosseguir com a leitura. O PDV de Hrathen não me agradou muito (tanto pelo foco fortemente religioso como por achar os outros dois personagens mais interessantes), embora sua posição complicada em relação a seus superiores seja importante para a trama. Por outro lado, essa alternação de PDV pode também impulsionar a leitura: sempre dá vontade de ler mais um capítulo para voltar ao seu preferido…

Raoden e Sarene têm um romance bem peculiar. Apesar de terem se comunicado no passado, não se conhecem pessoalmente. Além disso, ela acredita que ele está morto durante grande parte do livro, e – spoiler! – quando se conhecem, ele ainda é um zumbi. Raoden é um dos heróis moralmente “nobres” de Brandon, embora não o meu preferido. Claro, fica difícil não gostar de alguém que perdeu tudo e não desiste, mas ele não é um personagem tão complexo e “maduro” quanto Kaladin, por exemplo, de quem falarei abaixo. Sarene, por sua vez, também se encontra numa situação desconfortável em Arelon, cercada por desconhecidos e pelo mistério de Elantris. Ela é curiosa e inteligente, e tenta consertar os problemas que vê ao seu redor, ao mesmo tempo que está em luto por um marido que nunca conheceu.

Como disse, este é o meu livro menos preferido de Brandon. Acho que as resoluções parecem um pouco forçadas, as coincidências mais fortes do que em outros livros dele. Algumas subtramas também me parecem desnecessárias. Em resumo, é um bom livro, com uma premissa original, mas de um autor que ainda estava descobrindo como melhor estruturar suas tramas.

The Emperor’s Soul

Uma novela que se passa em outra região do universo de Elantris. Não é nem um pouco necessário ler Elantris para entender este livro; ao contrário de Alloy of Law, ele não tem relações fortes com o precedente. Bem mais curto, tem apenas um PDV e é uma leitura rápida, que pode ser feita em um ou dois dias.

Sua heroína, Shai, é uma criminosa e uma forger [forjadora] extremamente habilidosa, capaz de resgatar a história de objetos para recriá-los (um sistema de magia que achei dos mais interessantes!). Quando é pega roubando um objeto real, Shai aceita um acordo que ela mesma acredita impossível: em troca de sua vida, “forjará” a alma do imperador, que está num estado vegetativo, e cuja morte criaria o caos no império. Como se não fosse o bastante, ela tem menos de cem dias para realizar a tarefa, e todos ao seu redor acreditam que suas habilidades são uma abominação, incluindo seu “guardião”, o conselheiro real Gaotona.

Shai é uma protagonista diferente das usuais de Brandon, manipuladora e nada apologética sobre suas habilidades e escolhas de vida. Ao mesmo tempo que aceita a tarefa – pois não tem escolha! –, não acha que tem qualquer chance de realizá-la, e sua meta é escapar o quanto antes. Gostei muito dessa novela. O clima é tenso à medida que o tempo passa e a situação de Shai fica cada vez mais desesperadora, e ela é uma personagem forte e esperta, pela qual o leitor torce desde o início. Recomendo pra quem quer ter um gostinho da obra de Brandon!

Warbreaker

Esse livro tem uma história curiosa: Brandon o publicou na internet à medida que o escrevia, e foi editando com base nos comentários e reações dos fãs. Um ato extremamente corajoso, pois o primeiro rascunho de qualquer livro nunca é genial, como ele bem sabe. Além disso, as diferentes versões, incluindo a final, estão disponíveis para download gratuito!

Gostei muito mais desse livro do que estava esperando. Talvez seja o mais leve de Sanderson, e é com certeza o mais obviamente humorístico, apesar de ter alguns momentos bem tensos. O sistema de magia se baseia em “respiros” e cores, que permitem aos usuários dar vida a objetos e realçar alguns sentidos. E o mundo em que se passa é tropical (com florestas e tudo!), bem diferente do que estamos acostumados a ver em fantasias épicas.

Gostei muito das três personagens cujos PDV são apresentados: Lightsong, um deus do povo de Halladren, que mal acredita na sua própria religião e é extremamente sarcástico e preguiçoso em suas tarefas divinas; Siri, filha rebelde do rei de um povo vizinho, enviada para se casar com o deus-rei tirano de Halladren; e Vivenna, irmã de Siri que deveria ter sido a noiva do deus-rei e que parte para resgatar a irmã desse destino – e tentar encontrar um sentido para a própria vida.

Aqui também há a chance de não se gostar muito de um dos PDV. O de Lightsong é sempre divertido, embora a personagem mascare com humor a confusão que sente com sua posição divina e as circunstâncias desconhecidas que o colocaram nela. A evolução de Vivenna é bem interessante, uma vez que, da filha comportada do rei, passa a fazer coisas que nunca imaginou, incluindo se envolver com assassinos de aluguel. Siri, por sua vez, tem que lidar com o terror de um casamento pelo qual não estava esperando e que traz grandes surpresas para ela – e para o leitor! A diferença de personalidade entre as irmãs é bem marcante, e Brandon garante que ambas tenham sua própria história e evolução.

Warbreaker foi uma boa surpresa, com personagens mais imediatamente simpáticos, na minha opinião, do que os de Elantris, e um cenário e sistema de magia bem original – embora, talvez, original e inacreditável demais em sua complexidade.

Por outro lado, mencionei que há também uma espada sarcástica e sanguinária que se comunica mentalmente com seu portador? Pois é, adoro esse livro.

The Way of Kings (The Stormlight Archive)

Este é o primeiro volume de uma série que terá dez. Sim. Há uma boa chance de você, eu ou Brandon morrermos antes do volume final. Mas isso nunca impediu ninguém de ler GRRM, então por que não?

The Way of Kings é um livro longo. Para pôr em perspectiva, tem 387 mil palavras, enquanto Guerra dos Tronos tem 284 mil. Mas não corra! Vale muito a pena e, no final, você já está morrendo de vontade de ler o próximo (que sai este ano!).

A série é um projeto antigo de Brandon, que ele sabiamente adiou até se tornar um escritor capaz de lidar com múltiplos personagens e PDV (só nesse primeiro volume há seis), tramas e subtramas, e um universo bem complexo, que inclui vários povos.

A hierarquia social do reino em que a maior parte do livro se passa – Alethkar – se baseia na cor dos olhos: pessoas com olhos claros (lighteyes) são nobres, enquanto aquelas com olhos escuros (darkeyes) sofrem as desvantagens da opressão de classes mais baixas. A arbitrariedade de tal divisão obviamente faz um aceno à questão do racismo, a qual permeia a história, uma vez que muitos darkeyes compreensivelmente detestam os lighteyes.

Um dos darkeyes é o protagonista, Kaladin. É cirurgião, como foi seu pai, e vai para a guerra que os Alethki entabulam contra o povo Parshendi. No começo da história, porém, já o encontramos preso e sendo levado como escravo para realizar trabalhos forçados no cenário principal da guerra. Como chegou a essa situação será elucidado ao longo do livro.

Como mencionei, Kal é um dos personagens moralmente nobres de Brandon. Sendo médico, tem uma vontade instintiva de ajudar a todos ao seu redor, a qual é continuamente frustrada quando ele vai cumprir sua pena e se encontra rodeado por homens derrotados e cansados, dentre os quais há mortes todos os dias, sem que ninguém pareça se importar muito com isso. Ele passa de esperança à depressão à medida que eventos terríveis se sucedem. Essas reações são extremamente verossímeis, considerando as circunstâncias, e pessoalmente não achei essas partes tão pesadas (e maçantes) como os momentos de crise em Mistborn.

Kal é um underdog, o que já leva o leitor a sentir simpatia por ele. (A leitura chega até a ser frustrante, porque você quer ver alguma coisa boa acontecer com ele de vez em quando!) Por mais que eu seja fã de anti-heróis, também gosto de ler sobre uma personagem genuinamente boa se dando bem (ou, nesse caso, se dando muito, muito mal antes). A evolução de Kal é bem desenvolvida, assim como a descoberta de seus poderes, e a conclusão da história é muito satisfatória, apesar de estarmos na parte 1 de 10. A construção da trama, com flashbacks, também é excelente. Eles apresentam aos poucos a história de Kal e os motivos pelos quais foi preso e odeia os lighteyes, o que atiça a curiosidade do leitor sem prejuízo do que está acontecendo no presente. O entrelaçamento dos dois tempos se complementa, na verdade.

Outra protagonista do livro com PDV é Shallan, uma lighteyes que, após a morte do pai, vai atrás de Jasnah Kholin, irmã herética do rei de Alethkar, a fim de roubar um objeto que permite ao usuário transformar uma substância em outra. Shallan é uma ótima artista (tem memória fotográfica), é sarcástica, curiosa e inteligente, e o fato de não querer roubar Jasnah – a quem passa a admirar – torna sua história cada vez mais tensa e angustiante.

Sei que algumas pessoas não gostam dos capítulos dela, talvez porque sejam mais parados que os de Kal e Dalinar (outro personagem com PDV, que está envolvido diretamente na guerra), mas os considero um respiro necessário num livro dessa extensão. Além disso, é ótimo ver as duas mulheres interagindo: Shallan, tímida mas determinada, e Jasnah, confiante e inteligente, uma estudiosa sagaz que rejeita a religião do seu reino mas está disposta a ouvir argumentos contrários aos dela. As duas são as principais mulheres da história.

Aliás, a questão de gênero é interessante em Alethkar, uma vez que homens e mulheres têm funções diferentes, mas não necessariamente hierarquizadas: artes femininas incluem música, pintura, escrita (exclusivamente delas!), lógica e ciência, enquanto as artes masculinas são a guerra, o comércio e a construção.

O sistema de magia na série é mais amplo que outros de Brandon, e se baseia na stormlight [luz de tempestade], que pode ser contida em pedras, objetos ou pessoas – chamadas Surgerbinders –, as quais podem, por sua vez, usá-la para aumentar seus reflexos, força e velocidade. O sistema é mais complexo do que isso, mas Brandon o apresenta aos poucos e no contexto faz sentido (assim como todo esse mundo complexo e variado, que é apresentado muito habilmente). No entanto, certamente é o livro mais exigente de Brandon. Afinal, há um prelúdio, então um prólogo, e então começam os 75 capítulos, intermeados por 9 interlúdios, até que o livro termina com um epílogo.

Eu poderia escrever muito mais sobre a trama e personagens de The Way of Kings, mas o que queria dizer é que se trata de um livro excelente, início do que promete ser uma série de fantasia épica fenomenal. Este é um universo em que é possível mergulhar e no qual provavelmente o leitor passará um bom tempo. A edição inclui mapas lindos e ilustrações (como se fossem de Shallan) mostrando a fauna/flora de Alethkar. O livro tem personagens bem construídas, cenas de ação, intriga política e crustáceos gigantes. Esqueci de mencionar os crustáceos gigantes? É, eles são bem legais.

Comentários finais

Como se não fosse o bastante, todos os mundos de Brandon que acabei de citar fazem parte de um único universo épico que ele criou para a sua obra. Todos estão ligados, e inclusive há uma personagem que viaja entre eles e aparece em todos os livros. As teorias sobre a Cosmere (o nome desse universo) são muitas, e muito mais do que tenho tempo pra acompanhar, mas imagino que sejam um prato cheio para os fãs de fantasia. No total, certamente serão mais de 30 livros nesse universo.

E, acredite se quiser, Brandon tem mais livros além desses, incluindo algumas novelas de ficção científica e alguns infantojuvenis. Não os inclui aqui porque ainda não os li.

Nem todo mundo gosta dos livros dele, é claro. Já li comentários de pessoas que acham seus sistemas de magia muito complexos, beirando o absurdo. Também já vi dizerem que os romances nos seus livros não são muito convincentes. Concordo até certo ponto, porque um livro não precisa conter cenas explícitas para ter um romance crível, mas de fato, em alguns casos, dá pra identificar certa falta de, ahn, digamos, paixão nas personagens. Ah, e esqueça personagens LGBT: acho improvável que cheguem a aparecer na obra dele.

A narração de Brandon é mais direta e objetiva do que, por exemplo, a de Patrick Rothfuss (o qual, aliás, ganhará um post no futuro). Ele não usa uma linguagem muito poética, para aqueles que estejam em busca disso.

Os sistemas de magia, por sua vez, exigem que o leitor esteja disposto a aprender suas regras, uma vez que Brandon adora estabelecê-las firmemente para poder usá-las em lutas e outras cenas de ação. (Na verdade, em seu blog e podcast, ele fala com frequência sobre suas “Leis de magia”, em que estabelece algumas regras básicas para a construção do seus sistemas. Pra quem se interessar, aqui estão a primeira, segunda & terceira leis – em inglês.)

Além disso, caso você seja um leitor obsessivo, como a que vos fala, e ouvir o podcast dele, às vezes é possível identificar estratégias semelhantes que ele usou para criar suas personagens/tramas, e inclusive antecipar algumas revelações.

Mas, de modo geral, o aprecio muito pelo cuidado com o desenvolvimento de cada personagem, por ter protagonistas femininas complexas e interessantes, por estar sempre inovando com seus mundos e sistemas de magia, e por ser tão solícito com os fãs. Ele sabe construir uma história e sabe como se mover num mundo de fantasia. Por isso, é muito comum que fãs de Brandon acabem lendo todos, ou muitos, de seus livros.

Em inglês

The Final Empire (Mistborn – Book 1). Tor Books, 2007. 672 p.

The Well of Ascension (Mistborn – Book 2). Tor Fantasy, 2008. 796 p.

The Hero of Ages (Mistborn – Book 3). Tor Fantasy, 2009. 760 p.

Elantris. Tor Fantasy, 2006. 638 p.

Warbreaker. Tor Fantasy, 2010. 688 p.

The Way of Kings (Stormlight Archive – Book 1). Tor Fantasy, 2011. 1280 p.

The Alloy of Law. Tor Fantasy, 2012. 416 p.

The Emperor’s Soul. Tachyon Publications, 2012. 176 p.

Em português

Elantris. Leya, 2012. 572 p.

Mistborn – Nascidos da Bruma: O império final (vol. 1). Leya, 2014. 608 p.

Site oficial de Brandon, onde ele fala sobre a inspiração de cada obra e sua escrita.

16 respostas em “[Autor] Brandon Sanderson

  1. Isa, você é um monstrinho devorador de livros, com certeza. Fico imaginando seus dedinhos finos segurando os volumes e os olhinhos apertados, tentando escolher por onde começar.
    Bom, estou divagando. Amei as dicas! Estava mesmo procurando novos autores de fantasia pra minha vida, mas não sou que nem você, ousada a ponto de arriscar e sair lendo qualquer coisa pra descobrir se é bom! hehehe
    Vou mostrar pro Bhering, ele vai estar mais à toa esse ano e também curte muito essas coisas!

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